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Preço da indecisão custa caro a governante

A história ensina que o poder não perdoa a hesitação. Governar é decidir, e decidir é correr riscos. A indecisão pode parecer prudência, mas quase sempre é o primeiro passo para o fracasso. Em política, a ausência de ação não mantém o equilíbrio: corrói-o lentamente até o colapso.

Napoleão Bonaparte dizia que “nada é mais difícil e, portanto, mais precioso do que ser capaz de decidir”. Tinha razão. Seu império caiu não apenas pela ambição, mas também pela demora em admitir os próprios erros. Quando hesitou em recuar diante da Rússia, já havia perdido o comando da história. A indecisão é, em muitos casos, o erro que se disfarça de cautela.

Neville Chamberlain acreditou que poderia conter Hitler com papéis assinados e intenções pacíficas. Seu famoso discurso, ao voltar de Munique em 1938, proclamava “paz para o nosso tempo”. A postergação das decisões estratégicas, contudo, permitiu que a guerra se tornasse inevitável. Quando o perigo se tornou real, o Reino Unido teve de buscar em Winston Churchill a antítese da indecisão: um líder disposto a agir mesmo diante da incerteza. Churchill não esperou o consenso, impôs direção. Sua firmeza não eliminou o medo, mas o organizou.

Décadas mais tarde, Margaret Thatcher enfrentou um impasse semelhante, ainda que em outro contexto. Ao ordenar o envio das tropas britânicas para as Ilhas Malvinas, contrariou boa parte de seus conselheiros. O cálculo era arriscado, mas a hesitação seria devastadora. Sua decisão, ainda que contestada, restabeleceu a autoridade do Reino Unido e consolidou sua liderança.

Theresa May, por sua vez, representou o lado oposto dessa balança. No impasse do Brexit, tentou conciliar o inconciliável. Adiou decisões, negociou indefinidamente e perdeu a confiança do Parlamento e do povo. Sua história mostra que, em política, buscar agradar a todos é o caminho mais curto para o descrédito.

Há também os que confundem pressa com solução. A pressa pode gerar equívocos, mas não ter pressa alguma pode custar o rumo. A diferença entre resolver um problema e apenas se livrar dele está na qualidade da decisão e na coragem de sustentá-la. Não ter pressa não é sinônimo de procrastinação. O tempo de pensar é essencial, mas o tempo de agir é o que separa os líderes dos espectadores.

A indecisão não é sinal de prudência. É o avesso da responsabilidade. Líderes se fortalecem quando assumem riscos, explicam escolhas e enfrentam as consequências. A postergação pode parecer cautela, mas quase sempre é o caminho mais tortuoso a seguir. O tempo, implacável, cobra de quem não age o preço da irrelevância.

O curso da história é feito de encruzilhadas em que o tempo não espera. Líderes que compreendem isso moldam o futuro. Os que hesitam tornam-se prisioneiros dele. A política não é a arte da perfeição, mas da escolha. Quem não escolhe, delega aos outros ou às circunstâncias o direito de decidir por si.

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