Quanto mais o tempo passa, mais descubro que ser nordestino não é apenas nascer em uma parte específica do mapa — é nascer com um sol no peito, uma teimosia bonita na alma e uma poesia escondida até nos silêncios. É carregar no passo a memória de um povo que não abaixa a cabeça, mesmo quando o chão racha, mesmo quando a vida pesa. Quanto mais sou nordestina, mais tenho orgulho de ser.
Porque o Nordeste me ensinou que força não se mede no grito, mas na persistência de quem acorda cedo, ajeita o chapéu de couro e enfrenta o mundo com coragem miúda e gigante ao mesmo tempo. Me ensinou que esperança não é ilusão: é a fé teimosa de quem sabe que a chuva volta, que a porta abre, que o amanhã melhora.
Tenho orgulho do sotaque que abraça, da risada que espanta tristeza, da rede esticada no alpendre onde o vento vem prosear. Orgulho da comida que alimenta o corpo e a memória — do cheiro quente do cuscuz, do feijão de corda que consola, do café forte que desperta até saudade.
Tenho orgulho da cultura que pulsa: do repente que improvisa o impossível, do forró que arrasta coração, da literatura que transforma o sertão em mundo. Orgulho das mulheres arretadas, dos homens de palavra, dos jovens que sonham grande sem esquecer de onde vêm.
E quanto mais eu me vejo nesse pedaço de Brasil, mais entendo que ser nordestino é não caber em estereótipo nenhum. É ser vasto como a caatinga, profundo como o mar do litoral, diverso como cada canto que enfeita esse território.
Sou nordestina. Sou feito de luta, riso, fé e caminho. Sou feito daquilo que não se explica — só se sente. E quanto mais sou nordestina, mais tenho orgulho de ser. Porque aqui, até a simplicidade tem dignidade; a dureza tem beleza. E até a esperança tem nome: Nordeste.
