As próximas eleições presidenciais no Brasil ocorrerão dentro de 14 meses, em outubro de 2026. Parece muito tempo, mas na política o tempo corre num ritmo diferente da contagem do dia a dia, e as movimentações para esta eleição estão de vento em popa.
E possível fazermos um exercício de futurologia política ao observarmos o cenário dos últimos acontecimentos, especialmente as ações deletérias de Trump contra o Brasil, apoiadas pelos bolsonaristas e articuladas pelo quase ex deputado Eduardo Bolsonaro numa clara demonstração de amor e patriotismo do distinto deputado pelos EUA, e também o papel sempre subserviente da elite local, um comportamento pisado e repisado pela mídia dominante (GLOBO, FOLHA, ESTADÃO, VALOR ECONÔMICO principalmente) cujo lema para as próximas presidenciais já foi dado: “não aguentamos mais o Lula e o PT”.
Do lado dos que tem dinheiro poder e nenhuma empatia com mais de 90% da população brasileira concorrem uns candidatos que estão ali para aparecer, e tentar garantir alguma boquinha num governo de direita (mais ou menos extrema, pois da extrema Bolsonaro não abre mão) como Eduardo Leite, Ratinho Júnior e o matuto Zema que ao mesmo tempo que defende o fim dos BRICS pede empréstimo ao banco dos BRICS. Na raia principal desta corrida de fachada, já ungido pela elite endinheirada, está Tarcísio Make America Great Again de Freitas. Assim, não é tão difícil adivinhar quem estará na urna eletrônica ano que vem para representar os interesses norte-americanos no Brasil e claro, do capital financeiro rentista. Isto se o Eduardo, vulgo bananinha, não aportar no Lago Paranoá no comando de um porta-aviões da US Navy.
Então, pensemos o seguinte: não é de todo impossível o candidato de Trump no Brasil vencer a eleição, pois conta com muito dinheiro, muita propaganda enganosa e muita fake news, embora as atuais sondagens apontem o contrário. Mas, queira Deus que não aconteça, Tarcísio pode sim se tornar presidente. Daí imaginemos o que ocorrerá a partir de 1 de janeiro de 2027.
O presidente Tarcísio, logo nos primeiros dias de governo, senão no primeiro, envia ao Congresso um pacote fiscal de ajuste draconiano estabelecendo a meta de resultado primário de uns 5% do PIB, claro, mantendo intacto o pagamento dos juros aos rentistas e cortando drasticamente programas sociais, congelando educação e saúde. Segue também uma nova proposta de reforma da previdência estabelecendo uma idade inalcançável para a aposentadoria, e a desvinculação dos benefícios do salário mínimo, que perderá o ganho real, obviamente.
Ainda nos primeiros dias reorientaria sua diplomacia para se religar umbilicalmente aos EUA de Trump, trataria com desdém os BRICS, hostilizaria a Venezuela e Cuba, determinaria a expulsão de algum médico cubano que ainda estivesse no Brasil no programa Mais Médicos enfatizando em inúmeras declarações que o Brasil não apoia “ditaduras”, embora estreitaria relações com as ditaduras dos países árabes, especialmente com a Arábia Saudita, ditadura de estimação dos direitistas. E como é de se esperar, dará apoio incondicional a Israel e sua sanha destrutiva contra os palestinos, se ainda sobrarem palestinos até lá, com o atual ritmo de matança de Netanyahu.
No seguimento dos dias, negociaria com Trump um acordo maravilhoso (para Trump), permitindo a exploração de terras raras brasileiras, concedendo às empresas norte-americanas todo o processo, desde a lavra (que obviamente seria terceirizada para empresas brasileiras, pois isto não agrega valor e não desenvolve tecnologia) até o refino final. E de quebra negociaria também um acordo sobre a Amazônia, entregando aos EUA a exploração de riquezas de forma “sustentável” para os lucros daquelas empresas.
Estas seriam as primeiras medidas para dar um tom do que viria para a frente.
Agora, explorando mais um pouco este exercício de futurologia, imaginemos que o Eduardo (bananinha) se candidatasse e fosse eleito. Aí, a primeira medida será a substituição da bandeira brasileira, retirando o verde e amarelo que para ele parece demodê, e adotando uma com listras brancas e vermelhas e um quadradinho azul no alto à esquerda com cinquenta estrelinhas. Daí, repassaria a gestão para um sujeito velho, alto, muito branco e de fala engraçada, sobre quem pairam suspeitas de pedofilia. Seria o paraíso na terra para o fritador de hambúrguer.
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Antonio Eustáquio é correspondente de Notibras na Europa
