A medida provisória que reformula os subsídios da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) parece, à primeira vista, técnica. Mas, como lembra Michel Foucault, toda técnica é política.
A forma como a energia é financiada no Brasil carrega desigualdades históricas, com o Norte e o Nordeste frequentemente arcando com custos desproporcionais.
A antropologia da infraestrutura, representada por autores como Brian Larkin, revela como redes elétricas não são neutras: elas canalizam poder, desigualdade e exclusão. Reformular a CDE sem discutir justiça energética é mais um capítulo do neoliberalismo regulatório.
David Harvey insiste que o espaço urbano e os serviços públicos são campos de disputa. A energia que chega às casas carrega consigo uma ideologia: quem lucra e quem apaga a luz.
