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Ratinho Jr, cavalo paraguaio, pode cruzar linha de chegada do Palácio do Planalto

Nos hipódromos da política brasileira, onde o pó da pista levanta mais do que o entusiasmo das arquibancadas, um novo competidor começa a alinhar no partidor. Carlos Massa Ratinho Júnior, governador do Paraná, cavalo que muitos julgavam paraguaio, parece disposto a cruzar a linha de chegada com fôlego de puro-sangue.

Gilberto Kassab, esse jóquei astuto e paciente, prepara o chicote: o anúncio oficial da pré-candidatura vem a galope, depois que Tarcísio de Freitas desistiu de brincar de presidenciável e preferiu a segurança de uma reeleição em São Paulo. O espaço ficou aberto, e Kassab, com aquele sorriso enigmático de quem sempre aposta no centro, resolveu lançar sua ficha no tabuleiro.

Na beira da pista, um diálogo fictício corre entre dois espectadores imaginários:

— Mas ele é de direita ou de esquerda? — pergunta um senhor de chapéu de palha, mordendo o bigode.

— Nem uma coisa, nem outra, meu caro. É o centro quem vai segurar as rédeas do Brasil desta vez — responde o interlocutor, limpando os óculos embaçados pelo calor.

E para dar mais cor à cena, fala-se em uma nordestina na garupa da chapa: Raquel Lyra, governadora de Pernambuco, nome que Kassab guarda no bolso como quem esconde o ás no jogo de truco. Mulher, nordestina e política de formação técnica, ela representa a combinação perfeita para amaciar as críticas de populismo e dar cara de projeto nacional ao palanque.

No fundo da crônica, paira o fantasma de um Lula 4. O petista, calejado de batalhas e ainda com boa tropa, poderia alinhar outra vez na raia. Mas a pergunta é: terá pernas para mais uma corrida? Ratinho Jr., jovem, articulado e com sobrenome que ecoa nos lares via SBT, aposta que não.

Na tribuna das apostas, há quem ainda duvide.

— E se for blefe? — cochicha um assessor de oposição.

— Blefe? — responde outro — Então espere a largada. O cavalo que parecia paraguaio já mostrou que sabe correr.

Se o centro vai domar o país ou não, é questão para as próximas voltas. Mas no páreo de 2026, Ratinho Jr. já não corre de lado. Corre de frente, mirando o troféu dourado do Planalto.

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Marta Nobre é Editora Executiva de Notibras

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