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‘S.O.S. Bolsonaro. Estão remando contra a maré’

Organização, Desenvolvimento e Trabalho. Esses três pilares que a sociedade busca alcançar ao longo da sua existência podem ser confundidos com bandeiras do governo de Jair Bolsonaro. Ou de uma Organização Não-Governamental que tenta garantir emprego e renda para quem precisa.

No caso específico do governo, ao menos um quesito – o emprego – tem dado sinais positivos de recuperação, com a taxa de desemprego sendo reduzida a cada mês.

Mas, quando se trata de uma atividade defendida por uma ONG, a situação é diferente em muitas regiões do País. Iniciativas assim são vistas pelas costas. E nas portas onde se bate, a fechadura não se move. Ao menos em Pernambuco é isso que vem acontecendo.

Os queixosos, com muita razão, são Etan Edson, presidente, e Paulo Fernando, secretário, da ONG ODT, de Paulista, município da Grande Recife, que embora tenha um prefeito do mesmo partido do governador do Estado (o PSB), vê sua economia definhar a cada dia. Indústrias e comércio fecham as portas. E o povo, vítima da total ausência de uma política que gere emprego e renda, come o pão que o Diabo amassou.

Etan e Paulo Fernando contaram seu desalento em conversa com Notibras, nesta que é o início de uma série de reportagens sobre a encruzilhada em que cidades antes pujantes se encontram.

O relato é o de que Paulista, até recentemente um polo da indústria têxtil, entre outros ramos de atividade, vê suas fábricas fecharem. As confecções, que passavam de 500, se resumem a poucas unidades. Falta mão-de-obra qualificada, porque a que existia foi atraída por outros centros produtivos. E, pior, não há incentivo do governo estadual para corrigir essa falha.

“Há uma classe trabalhadora com potencial a ser desenvolvido. Mas são pessoas que estão literalmente na UTI, respirando por aparelho, precisando urgentemente de apoio tanto da área privada quanto do poder público”, desabafa o presidente da ODT.

Etan lembra que em Pernambuco existem rês polos fortes no ramo têxtil. Ele cita nominalmente Toritama, Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru. Porém, revela, estudos sugerem que Paulista pode se tornar a quarta potência neste ramo, uma vez que concentra uma mão-de-obra que, se não especializada, pode ser formada em tempo recorde.

Experiência não falta, diz, por sua vez, Paulo Fernando. Segundo ele, os trabalhadores de Paulista ficaram restritos a fazer o ‘acabamento’ das peças destinadas a grandes varejistas, como Marisa, Riachuelo, C&A… Em síntese, acentua o secretário da ODT, o trabalhador da cidade virou subproduto de mão-de-obra da indústria têxtil.

Para piorar o quadro, há informações de que confecções de outros Estados, como Bahia e Ceará,  terceirizam a mão-de-obra de Paulista, inclusive de roupas para consumo do próprio governo pernambucano, como uniformes escolares e de policiais militares e bombeiros.

O que acontece, enfatiza Etan, é que as grandes empresas “se aproveitam da situação da classe e escravizam as pequenas confecções com preços que raramente cobrem os custos, inclusive de tributos. O que esperar, então, de sobrevida para as pequenas confecções? E quando uma delas fecha as portas, aumenta a fila de desempregados”.

A situação se apresenta ainda mais delicada quando se sabe que a mão-de-obra da indústria têxtil existente em Paulista está envelhecendo. “O quadro é de decadência; e como não há incentivo para a formação de novos profissionais, a população economicamente ativa da cidade deve aumentar ainda mais a fila dos desempregados”, diz Etan, desalentado.

Caminhos existem, afirma o dirigente da ODT. A proposta da ONG é criar uma espécie de ‘escola da confecção’, em parceria com o município, o Estado e a iniciativa privada. “Esta é a saída mais viável”. O problema – lamenta – é que as portas estão fechadas. Quem sabe a solução esteja em Brasília. E será em alguma porta da Esplanada que iremos bater, sem que surja por aqui alguma perspectiva”.

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