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Se a vida fosse um livro, o pai seria o capítulo mais emocionante

A gente vive sempre achando que a vida nos garante tempo para tudo. Não é verdade. Na verdade, é a maior das mentiras. Se puder ajudar, o que posso dizer é simples: não deixe nada para depois, porque não dá tempo. Todos nós conhecemos alguém que deixou alguma coisa para depois. Uma ligação que não fez, um perdão que não deu, um abraço que adiou, um beijo que deixou para a próxima semana pode significar remorso eterno. O amor, a paz, a tolerância e a solidariedade não se conjugam no passado.

Neste domingo, Dia dos Pais, acordei de madrugada com saudade do meu pai. Faz tempo que ele já se foi, mas nada me impede de ter saudade do dia em que ele, mesmo sem cultura alguma, me ensinou a ter força. É ela que me conduz e que me faz lembrar a todos os filhos, inclusive eu, que hoje é o Dia dos Pais físicos. O Pai nosso que está no céu nele permanecerá, mas o da terra tem prazo de validade. Por isso, nessa data tão especial, nunca é demais agradecer por tudo que eles fizeram por nós.

Melhor ainda será agradecer por tudo que eles ainda fazem por nós. Bom seria que todos os dias fossem dos pais, mas aproveitemos o hoje para descobrir que eles, os verdadeiros pais, representam o amor incondicional.  Buscando os ensinamentos dos filósofos, vale afirmar que, além de herói, o pai presente é aquele que o futuro constrói. Um pai sabe que cumpriu sua missão quando tem a certeza de que seus filhos se tornaram pessoas justas e do bem.

E pai não deve ser visto somente como pai, mas principalmente como o amigo de todas as horas, o mestre do saber viver, o poema da alma. Como dizia meu avô, a gente só aprende a ser filho no dia em que é pai. Embora tardiamente, eu aprendi. No exercício da condição de pai, não há como esquecer da caminhada com minhas três filhas e meus dois netos. Quando eles aprendem comigo, todos damos risada. O tempo passou e, com certeza, daqui há alguns anos, eu aprenderei com eles. Nesse dia, certamente vamos chorar juntos. É a vida.

Por ser espontâneo, consistente, condensado, imperfeito e normalmente corrido, o amor de pai tem de ser diariamente aperfeiçoado. Repito que o verbo amar não deve ser conjugado no passado. É no presente que devemos buscar inspiração para, por exemplo, mostrar aos pais vivos que, se a vida fosse um livro, ele seria um dos capítulos mais emocionantes. Uma ou duas lágrimas talvez não sejam suficientes para reverenciar os que partiram. Todavia, podem ser a prova de que eles não foram esquecidos, de que eles serão nossos eternos escudeiros.

Não tenho mais o meu pai. Se tivesse, diria a ele que, como pai, hoje me penitencio pelo filho que posso não ter sido. Quando era criança devo ter dito a meu pai que um dia seria grande e que teria uma família construída sobre os alicerces da paz, da alegria e do amor. Imagino meu pai respondendo que nem todos têm esse privilégio. Hoje eu tenho muito mais do que isso. A única coisa que não tenho é o meu pai. Feliz Dia dos Pais a todos.

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Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras

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