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Soberania do povo será mote do MDB na sucessão

O MDB está se preparando para voltar às origens. Vai bater na tecla de que o Poder emana do povo e para o povo. Fará da imagem de Ulysses Guimarães a Fênix que ressurge das cinzas. E traçará, a partir daí, planos para chegar ao Palácio do Planalto pelos próprios pés, sem servir de coadjuvante para nenhum outro partido, como tem acontecido ao longo da história.

O primeiro passo será dado esta semana. Próceres do partido estão alinhavando uma Carta Compromisso à Nação. O texto tem as digitais do governador de Brasília Ibaneis Rocha, do ex-presidente José Sarney, do ex-senador Romero Jucá, do ex-ministro Moreira Franco e de outras velhas raposas políticas. O partido quer mostrar que vai entrar firme na sucessão presidencial. E tentará, já nas eleições municipais do próximo ano, eleger o maior número de prefeitos e vereadores para levantarem sua bandeira em 2022.

A nova guinada foi decidida na semana passada, quando a ala que detém as rédeas do partido descartou que emedebistas com cargos de prefeitos e governadores tivessem voz ativa na Executiva, impedindo, inclusive, a ascensão desse grupo a cargos diretivos. A palavra de ordem será do tipo ‘minha irmandade quem faz sou eu (com o povo) e quem quiser que me acompanhe’. o MDB acena, assim, com as portas abertas para outras legendas, desde que comunguem uma linha política de centro-esquerda.

Ibaneis Rocha tem conversado nos últimos dias com emedebistas, como ele, dissidentes do MDB. A ideia é vender a necessidade de um partido mais pujante. O governador de Brasília se sente bem calçado para tomar a iniciativa de protagonizar as mudanças, a partir do momento em que abrigou em seu entorno personalidades que sempre tiveram papel de destaque na legenda.

Mas nem só de emedebistas viverá o ‘Novo MDB’. Há espaços para o PP, PTB, DEM e até Podemos, além de outras siglas do baixo clero pra cima. A ilustração é de uma grande aliança para fazer frente a uma eventual candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro ou mesmo de um voo solo do governador paulista João Doria, do PSDB.

Se as mudanças tomarem corpo,  o partido resgatará sua velha ação política, com moderação e firmeza, atento, conforme lembram auxiliares do governador Ibaneis Rocha, às medidas que visem ao bem comum do povo brasileiro. Para tanto, será dada ênfase ao fortalecimento da democracia; justa distribuição de renda; harmonia plena entre os Poderes da República;  respeito inclusive às vírgulas do texto constitucional; liberdade de pensamento e de cátedra, modernização do ensino universitário, estímulo efetivo à pesquisa científica e tecnológica e amparo a todas as formas de manifestação da cultura, da ciência e das artes.

Esse novo MDB sinaliza entre outros prognósticos, a realização de reformas estruturais capazes de integrar todas as classes sociais, especialmente da juventude, dos trabalhadores e dos intelectuais no processo político brasileiro. Isso, avaliam os defensores dos novos rumos do MDB, contribuirá para o aprimoramento da prática do regime democrático e possibilitará a elevação do nível econômico, social e cultural dos brasileiros.

No campo econômico, o partido, se chegar ao poder, pretende promover o desenvolvimento com ações de Estado em sintonia com a iniciativa privada. Além disso a força de trabalho será valorizada, garantindo a justiça social que, por mais que se proclame, nunca saiu do papel. Ainda nesse campo, serão tomadas medidas capazes de acabar com os desequilíbrios regionais, com uma ampla política desenvolvimentista.

Se na teoria isso parece fácil, Ibaneis Rocha, alcançado o objetivo de reformular os estatutos do MDB, pretende mostrar que tudo é possível. Fenômeno eleitoral em Brasília, onde foi eleito com uma larga margem de mais de 70% dos votos, o governador terá a primeira prova de fogo nas eleições municipais.

Hoje de mãos dadas com seu vizinho goiano e ex-desafeto Ronaldo Caiado (DEM), os dois podem fazer alianças numa região que compreende mais de 30 cidades. Se as dobradinhas forem coroadas de sucesso, ficará mais fácil atrair outros grupos quando for iniciado o caminho em direção ao Palácio do Planalto.

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