Com carta branca da população do bem e ancorado de A a Z pela Constituição promulgada por Ulysses Guimarães, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes começa hoje (09) a ler a sentença que deve decretar a morte política de Jair Bolsonaro. Mito forjado na mente doentia de brasileiros carentes de ídolos e de anti-heróis, o ex-presidente deve ser condenado pela trama golpista que elaborou, financiou e liderou antes, durante e depois das eleições que garantiram a Luiz Inácio Lula da Silva um terceiro mandato presidencial.
Ao contrário do que pregam os simpatizantes do agora cavaleiro solitário, o julgamento não será às escuras. Pelo contrário. Do amontoado de provas ao emaranhado de evidências, está tudo tão claro que os advogados de defesa já se conscientizaram de que não vale mais a pena lutar pela absolvição de um réu atolado até a alma no lodaçal do golpe. Para os defensores de Bolsonaro e dos demais envolvidos no fracassado levante, qualquer pena abaixo dos 40 anos será lucro. Mesmo divididos, o Brasil e os brasileiros esperam mais.
Praticamente definida a condenação da tropa, o povo, também conhecido por eleitor, se volta para o Congresso Nacional, onde deputados e senadores aliados à tirania tramam a continuidade do golpe. Refiro-me à proposta de anistiar o ex-presidente e todos os que participaram da tentativa de usurpação do poder por meio da força. Assim como o golpe, o projeto está fadado ao fracasso. Seja no próprio Congresso, seja na Presidência da República ou no STF, a vergonhosa e antidemocrática ideia talvez sirva de tapete vermelho para a quarta subida de Lula ao céu.
Na pior das hipóteses, nos livraremos de Bolsonaro e de boa parte de seus apaniguados, inclusive e sobretudo Tarcísio de Freitas, hoje mais vaca de presépio do que governador de São Paulo. Pelo menos, em 2026 a maioria saberá escolher entre um comunista sábio e democrata, mesmo sendo considerado ladrão pelos invejosos, e aquele que, na chefia da nação, debochou da pandemia de Covid 19, desqualificou o sistema eletrônico de votação e creditou a uma inexistente fraude sua acachapante derrota em 2022. Sobre a proposta de anistia ao golpismo, os congressistas vinculados ao bolsonarismo são a prova da ganância e do pouco caso com o povo.
Claramente eles se engajam na tese de que os políticos de nossos dias são um exemplo de desequilíbrio mental, político e ideológico. Por mais que os fanáticos e tolos achem o contrário, estamos bem próximos do ridículo como nação que um dia aspirou chegar ao Primeiro Mundo. Não é preciso ser letrado ou intuitivamente confiante para perceber que estamos mais perto da escuridão do que da luz no fim do túnel. Lembro de como foi árdua a luta de verdadeiros patriotas para que o país recuperasse a plenitude da democracia. E não faz tanto tempo.
Hoje me envergonho daqueles que, dissociados das normas e das leis, tentam reinventar um sistema que garanta liberdade a terroristas e a golpistas travestidos de presidente da República, de senadores, de deputados federais e de agropecuaristas. Não é difícil concluir que metade mais um dos atuais parlamentares transformou o Congresso em um espaço de prostituição política. Que o dia de hoje seja o da virada de página. Com a força do povo e as letras das leis, o STF começa hoje a desenhar a melhor versão que os brasileiros esperam paras o Brasil. Que o passado fique definitivamente escondido por detrás dos muros da clausura. Quanto ao povo que adora brincar de cego, resta apenas passear de mãos dada com o pastor.
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Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras
