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STF perde o medo e acaba com o bundalelê das redes sociais no Brasil

Acabou o bundalelê da internet no Brasil. Por maioria de votos, o plenário do STF pôs ordem na casa e decidiu nessa quinta-feira (12) responsabilizar as redes sociais pelo conteúdo publicado por seus usuários. O que isso quer dizer? Perdemos o medo dos Estados Unidos. Embora os bravateiros mais radicais e menos patriotas achem o contrário, a volta de Donald Trump à Casa Branca para os brasileiros têm a mesma importância do retorno de Neymar Júnior ao Santos. Em outras palavras, do mesmo modo que o bichado Neymarzinho não assusta mais nenhum zagueiro brasileiro, latino-americano, europeu, árabe ou asiático, Trump sabe que acabou o reinado absoluto dos norte-americanos sobre a América Latina, particularmente sobre o Brasil.

Justamente o Brasil que, em época remota (e que precisa ser esquecida), era considerado quintal dos Estados Unidos. Relacionada à Doutrina Monroe que, em 1823, estabeleceu que a América Latina seria uma esfera de influência estratégica dos EUA, a expressão é coisa do passado. Ficaram o respeito, a parceria econômica e alguma dependência na área tecnológica. Entretanto, nada que justifique a ingerência na soberania nacional e no vale tudo das redes sociais em território nacional. Parodiando a marcha de carnaval Até Quarta-feira, pelo menos 2026, “nós vamos brincar separados”. “Caso meu bloco encontre o seu, não tem problema, ninguém morreu…”. É por aí. Cada um no seu quadrado.

Definitivamente, o Brasil não cabe mais no quintal de ninguém, tampouco se intimida com ameaças patéticas oriundas do Hemisfério Norte. Querer ditar regras no quadradinho alheio sem se preocupar em cumprir suas próprias regras é, no mínimo, indelicado. A ordem de Trump é proibir protestos, juízes ativistas, imigrantes, alunos estrangeiros em suas universidades, além de monitorar conversas nas redes sociais daqueles que buscam o visto norte-americano. É isso que ele e seus bajuladores espalhados pelo mundo chamam de democracia? que é dito pelos que buscam o visto

No Brasil, juízes, parlamentares, jogadores de futebol, influencers, ex-presidentes e pessoas comuns publicam e replicam coisas sérias e bobagens das mais diversas em suas redes sociais. Faz parte da cultura ou da estultice do povo. O que não se permite mais é espalhar mentiras. É isso que o Poder Judiciário do Brasil vem tentando dizer a Donald Trump e à turma do bolsonarismo de zumbido. Eles fazem ouvidos moucos, mas, no Brasil de hoje, as redes sociais não farão o que eles quiserem. Duela a quem duela, elas serão reguladas.

Queiram ou não os negacionistas, capachos e fundamentalistas, acabou a farra das fake news. Entre as maiores curiosidades envolvendo o tema, os deputados e senadores brasileiros ligados à vampirização bolsonarista reclamam publicamente da proposta nacional de regulação das redes sociais. No entanto, nos discursos dirigidos à claque do amém e da aleluia, eles defendem os Estados Unidos por deportarem ou não deixarem entrar no país pessoas que usam as mesmas redes para criticar o governo do camarada Donald Trump.

Despreocupados com a máxima de que o pau que dá em Chico dá em Francisco, esses parlamentares alegam que, por serem soberanos, os EUA realmente devem proibir os críticos de entrarem lá. Como o Brasil também é soberano, então também podemos proibir. É a tal da subserviência visceral. Por isso, eles se mantêm omissos em relação às bandalheiras das redes sociais. Na verdade, se utilizam delas de forma criminosa e sem constrangimento. Esses tipos não mudarão jamais. Eles entendem que a favor deles tudo é permitido. Ou seja, no rabo alheio a pimenta malagueta é refresco. No deles, é Todynho com iogurte de pêssego com polpas de morango.

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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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