Logo após o longo discurso do ministro Luiz Fux absolvendo integralmente o ex-presidente Jair Bolsonaro dos crimes elencados pela Procuradoria-Geral da República, confesso que cheguei a perder o sono. É claro que o voto em questão a favor dos golpistas não foi nenhuma novidade para o Brasil dos brasileiros que, defendendo a democracia, torciam – e torcem – pela prisão daqueles que não sabem perder e, tentando se manter no poder à força, tramaram um golpe que já nasceu morto.
Como ainda há juízes sérios no Brasil, a 1ª Turma do Supremo Tribunal ignorou Luiz Fux e, por quatro votos a um, condenou nesta quinta (11) Jair Bolsonaro e mais sete réus pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração do patrimônio tombado.
A conclusão do julgamento deve ocorrer nesta sexta-feira (12), quando serão anunciadas as penas dos condenados.
Além do relator Alexandre de Moraes, votaram a favor do Brasil os ministros Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente da Turma. Obviamente que o destrambelhado e desabonador voto de Luiz Fux ficou vencido. Em termos práticos, o resultado majoritário “chocou” o chope e esturricou antecipadamente a picanha que a trupe bolsonarista pensou em encomendar para a festa do fim de semana.
Para os quatro ministros contrários à Fux nunca houve dúvida de que o Supremo Tribunal Federal é verdadeiramente o foro para julgamento daqueles que se insurgem predatoriamente contra as instituições democráticas e, principalmente, contra o Estado Democrático de Direito. Mais do que isso, mostrou aos golpistas, a seus defensores e aos demagogos aliados internos e externos que a ação penal julgada não era uma fábula e que Jair Bolsonaro não é um cordeiro, mas sim o lobo pintado pelos ministros e pelo procurador-geral, Paulo Gonet.
Antes mesmo de o ministro Zanin encaminhar pela condenação dos santinhos do pau oco, prometi ao meu outro eu um sono justo para a noite desta quinta-feira. Desde já, começo a imaginar o silêncio ensurdecedor nas lives e redes sociais dos maldosos, infames, ameaçadores e rabugentos bolsonaristas. Reitero que, do mesmo modo que não imagino mais o Brasil vivendo sob uma ditadura, jamais torci por esse desfecho.
No entanto, considerando a máxima de que o que se faz aqui tem de ser pago aqui, para os maus perdedores todo castigo é pouco. Com a vitória da democracia, lamento informar que os histéricos bolsominions perderam de novo. Se preferirem, caíram do cavalo. O lobo foi condenado. Ou seja, o que, em tese acabaria em 2030, talvez fique para a próxima encarnação. Se ele durar até lá.
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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978
