Notibras

Tarcísio, indeciso, pode acabar sem nada

Brasília (DF) 09/03/2023 O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, fala com a imprensa após reunião no Palácio do Planalto

Vaquinha de presépio e, agora, bobo da corte do clã Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), precisa ser informado por “seus eleitores” que, às vezes, é melhor se retirar e deixar uma boa lembrança do que insistir e virar um incômodo. Como o camarada não tem certeza se ama ou odeia Jair Bolsonaro, de forma reservada ele, de perto e de longe, lembra aquela adjetivação chula do sujeito indeciso que ora está na Avenida Paulista, ora vira à direita mais extrema e ora sobe aos céus já se imaginando o novo Deus do pedaço.

A esses que não sabem o quer, os gaiatos de plantão apelidam solene e merecidamente de bosta n’água. Mais comedido e menos libertino do que o colega de escrita Wenceslau Araújo, prefiro associá-lo à fábula do cachorro que, carregando um naco de carne na boca, viu na água do rio a sombra da carne, que era muito maior. Prontamente, o pet largou seu pedaço de carne e mergulhou para pegar o maior. Nadou, nadou, nadou, nada achou e ainda perdeu o naco que levava. Moral da história: quem quer muito traz de casa ou nunca deixe o certo pelo duvidoso.

Aparentemente cada vez mais próximo do ex-presidente autoproclamado mito, Tarcísio se distancia dia a dia de seu suposto eleitorado cativo. Para políticos experientes, entre eles alguns aliados do bolsonarismo, o governador é a prova escarrada de que a indecisão é uma decisão tomada para não decidir. Como a indefinição política é a filha bastarda da preguiça e da covardia, o novo vassalo da família desgovernada tropeça nos próprios passos e corre o sério risco de ficar a ver navios.

Como os artistas, um político inventado e que pensa em nacionalizar seu “poderio” regionalizado tem de circular onde o povo está. Mesmo não gostando, é preciso saber o momento de estar e o de se retirar. Nessa segunda-feira (29), dia da posse do ministro Edson Fachin na presidência do Supremo Tribunal Federal, o popular cara perfurada preferiu o aconchego do lar do eterno chefe Jair Bolsonaro. Craque em erros políticos diários, Tarcísio não consegue mais esconder que é mesmo candidato à Presidência da República. Por isso, a opção de cair nos braços do mestre.

Caso sua candidatura seja avaliada como um tiro no pé, será um tiro de revólver doado pelo próprio ex-chefe ou por um de seus quatro filhos. O resultado da ausência na cerimônia da Corte Suprema é que, além de assumir a dependência ao mito, o governador paulista deixou de mostrar algum apreço pelo STF e de aparecer para todo o Brasil. Considerado antissocial, inclusive por governadores da direita, Tarcísio acabou criticado por Deus e todo o mundo presente à cerimônia.

Do tipo pintinho de raça, o governador não foi à posse de Fachin, mas a raposa Gilberto Kassab (PSD) estava lá representando o Centrão e abertamente se mostrando para Luiz Inácio e para os ministros mais xingados por Tarcísio de Freitas. Sobre a notória indecisão do governador, poucos têm dúvida de que ele sabe muito bem o que quer, mas acha que deveria querer outra coisa. É o caso típico da pessoa que acabará sem nada. Meu caro bajulador emérito, na dúvida opte pela emoção de acompanhar a vitória de seu antagonista pela televisão. Até porque a razão você perdeu desde a sua indecisão.

……………….

Sonja Tavares é Editora de Política de Notibras

Sair da versão mobile