A 15ª Cúpula Global de Parcerias em Saúde Digital, realizada em Salvador, marca um momento estratégico. Em tempos de aceleração informacional, o corpo torna-se dado, e a saúde pública, um campo cada vez mais atravessado por algoritmos e plataformas globais.
Como pontua Bruno Latour, as tecnologias não são neutras: são artefatos sociais carregados de intencionalidade e poder. Quando ministros e gestores públicos se reúnem para debater a digitalização da saúde, discutem também quem terá acesso à vida digna, quem será monitorado e quem será esquecido.
A Antropologia da Saúde, com autores como Byron Good e Didier Fassin, alerta que as políticas de saúde precisam incorporar as experiências locais. Em Salvador, cidade negra e historicamente vulnerabilizada, discutir saúde digital sem racializar e descolonizar os debates é perpetuar a exclusão com novas interfaces.
