De forma explícita, acertada previamente e sem nenhum conhecimento lógico da causa, o presidente dos Estados Unidos e não do Brasil, Donald Trump, acaba de pedir para que deixem Jair Bolsonaro em paz. Apesar de encomendado, o pedido é fácil de ser resolvido, desde que Bolsonaro deixe em paz o Brasil, os brasileiros e o presidente para o qual ele perdeu. Cada um fazendo sua parte. Simples assim, meu caro fardo pesado norte-americano. Com todo respeito à liturgia de qualquer figura presidencial, seja capaz de fazer o que o povo que o elegeu espera e respeite a soberania do Brasil e do restante do planeta.
Só para lembrá-lo, por aqui só os bolsonaristas o engolem. Se vossa insolência ainda não foi informada, os demais brasileiros regurgitam sempre que ouvem seu nome. Por mais que o senhor se ache o dono do mundo e queira o Brasil sob sua tutela, somos um país livre, leve, solto em paz desde que Jair Messias, o desacreditado patrono da pátria amada, deixou o Palácio do Planalto. A paz nacional só não é maior porque seu parceiro de tirania não deixa.
Destrambelhado senhor Donald Trump, ao contrário de sua afirmação, a futura e irreversível prisão do mito de todos os horrores não significa caça às bruxas. Caça às bruxas ele faria se tivesse obtido êxito no fracassado golpe que imaginou contra a vitória e a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Perdeu nas urnas, perdeu nas ruas, perdeu nas instâncias policiais, está perdendo no Supremo Tribunal Federal, mas certamente ganhará um biombo lindo, porém frio e escuro, em algum dos “resorts” fechados administrados pelo governo federal.
E não adianta seus esperneios em defesa de quem não merece. Na verdade, nunca mereceu, embora alguns inconsequentemente o idolatrem. Na verdade, meu apoplético líder estadunidense, vossa insolência está na contramão do mundo. Faça uma reflexão e talvez consiga perceber que Bolsonaro não é perseguido, nunca foi um líder forte, jamais amou seu país, só lutou pelo seu povo e não pelo povo brasileiro, contribuiu para a morte de mais de 750 mil pessoas, fracassou como negociador e, “dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano”, é culpado “apenas” de querer transformar o Brasil em uma nova ditadura, algo como terreiro de sua casa.
Se isso não é nada, o que é tudo? O genocídio na Faixa de Gaza? O ataque gratuito ao Irã? A caça destemperada, agressiva e criminosa aos imigrantes? Tenha dó de seus arroubos, senhor Donald Trump! Cuide de sua vida, da Casa Branca, dos seus eleitores antes que eles desapareçam e deixe o Brasil e o mundo definitivamente em paz. É um direito seu apoiar o amiguinho brasileiro. Antes, porém, seria necessário se inteirar do processo aberto contra ele. Não há nada de aberração. Tudo correu dentro das normais legais, dentro do devido processo legal.
Jair Bolsonaro desqualificou o processo eleitoral do Brasil, atentou contra a democracia e continua tentando golpear quem o venceu democraticamente. Fracassou e terá de pagar por isso. É o que determina a lei brasileira. E ponto final. A Justiça brasileira e o ministro Alexandre de Moraes estão carecas de saber que cão que ladra não morde em casa, muito menos no quintal alheio. Portanto, contenha-se, presidente Donald Trump, pois o atual inquilino do Palácio do Planalto não é a Maria mole que o senhor imagina. Mais uma vez, respeitando a liturgia do seu cargo, só lhe compra quem não lhe conhece. Elon Musk quando o abandonou tão logo o conheceu.
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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais
