(des)Prezado Donald Trump,
aproveitando vossas graves e desconexas ameaças ao meu Brasil varonil, valho-me destas mal traçadas linhas para informá-lo que, apesar dos devaneios de nosso povo bolsonarista e dos servis parlamentares, por aqui as coisas estão bem melhores do que por aí. Não tenho a voz do Brasil, mas recomendo a não ouvir tudo que é dito pelos estrupícios que, vez por outra, esticam ou se enrolam na bandeira do vosso país, os Estados Unidos da América do Norte e não do mundo. Como amantes de falsos profetas, eles não sabem o que dizem, o que fazem, muito menos onde pisam.
Se soubessem já teriam se juntado em solo norte-americano a Eduardo Bolsonaro e a seu assessor para assuntos de maldades aleatórias Paulo Figueiredo. Vale lembrar que, no Brasil, ambos, também são conhecidos como Batman e Robin. A bem do serviço, é bom que se diga que não necessariamente nessa ordem. Pois bem, caríssimo presidente de um povo cuja maioria parece não o tolerar mais, ao contrário do que pensa, meu país não é uma nação de debilóides convictos e americanizados. Temos valores que suas razões desconhecem, entre elas a de que o Brasil não é e jamais será uma colônia dos Estados Unidos.
Somos parceiros econômicos e fomos amigos do peito até o início de seu segundo mandato como presidente daquela que sempre considerei a maior democracia do planeta. Tenho mil razões para deixar de considerar. Cito apenas uma. Em nome de uma suposta ou inventada amizade com um golpista de quinta categoria, o ex-amigo vem preferindo virar as costas para um país que prima pela paz, pela alegria, pelo amor ao próximo e, sobretudo, pela liberdade de expressão, tema que sua santidade desconhece e que, por isso mesmo, resolveu usá-lo para nos ameaçar.
Somos menores economicamente. Entretanto, muito maiores em felicidade, pastos, canteiros agrícolas e riquezas naturais. O mais importante é que realmente somos uma democracia. É mentira de seus informantes que vivemos uma ditadura de esquerda. A citada dita dura era o que o grupo que não sabe perder uma eleição queria empurrar nas entranhas do nosso povo ordeiro, pacífico e historicamente democrata. Antes de ameaçar a república que vosmecê avalia como de bananas, tente se inteirar da nocividade daquele ex-presidente que, intimidando Deus e o mundo, tramou para permanecer no poder por meios ilícitos.
Ele perdeu de novo e, por essa razão, está sendo julgado pela Suprema Corte brasileira. Lamento adiantar, mas o moço será condenado a longas e tenebrosas férias na cadeia. Sei que vossa reverendíssima é chegada a arroubos, os quais nem sempre são bem recebidos pelos ameaçados. Por exemplo, a maioria dos ministros que devem condenar seu amiguinho querido é séria, correta e está se lixando para seu visto. Soube por fonte fidedigna que, por sua causa, eles romperam até mesmo com a turma do Mickey Mouse.
Por fim, sugiro seguir os conselhos dos fiéis da Igreja Quadrangular do Triângulo Redondo. Embora muitos deles estejam loucos para vê-lo longe da Casa Branca, alguns acham que vossa alteza deve passar a se preocupar mais com suas “negas”. Esqueça o Brasil, nossas mazelas e nossos sonhos. Encerro esta confidencial e desembuchada missiva informando a seus seguidores, “parceiros” e assessores que, diante do vosso desejo de nos excluir de sua lista de amigos, talvez sejamos obrigados a estreitar ainda mais os laços com a China de Xi Jinping, com a Rússia de Vladimir Putin e com a Coréia do Norte de Kim Jong-un. Não custa lembrar que os três também dispõem de arsenais de bombas atômicas.
Do “ex-amigo”,
Wenceslau Araújo, Editor-Chefe de Notibras
