Entre as dezenas de ditados populares simbolicamente destinados àqueles que aspiram ao poder, pelo menos meia dúzia deles tem tudo a ver com o enredo previamente anunciado para o carnaval presidencial de 2026. Quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré é o que melhor define o fracasso daquele ex-presidente que se elegeu à custa de mentiras, nadou, nadou, naufragou antes mesmo de chegar à praia infestada de tubarões golpistas e, em breve, será apenas uma pintura sem moldura.
Como para bom entendedor, meia palavra basta, lembro que mentira tem pernas curtas e que, depois da bonança, não adianta chorar pelo leite derramado. Ao citado ex-presidente também se aplicam os provérbios quem semeia vento, colhe tempestade, cão que ladra não morde e quem com ferro fere, com ferro será ferido. O tempo passou, o golpe fracassou, o STF julgou e condenou e, agora, o moço se finou. Como águas passadas não movem moinhos, a alegria atrai simpatia e, como a última que morre, a esperança voltou.
Tardiamente, boa parte do povo brasileiro se cansou de engolir sapo, de bater palma para bêbado dançar, de fazer vista grossa aos enxugadores de gelo e de ser bode expiatório daqueles que adoram uma conversa fiada. Depois do golpe gerar 27 anos de cana dura para quem tentou chutar o balde da democracia, caiu a ficha dos brasileiros, cuja nova ordem é bola para frente. Foram-se os anéis, mas ficaram os dedos. E pouco importa que sejam apenas nove.
Como toda araruta tem seu dia de mingau, chegou a hora da formalização da mudança. Aliás, ela já começou e deve se consolidar em 2026, quando aquela musiquinha do tipo chiclete voltará a infernizar os ouvidos moucos dos que permanecem nas ruas perdidos, marchando e seguindo indecisos cordões. Se alguém tinha dúvida, eu não tenho mais. O pior cego é mesmo aquele que não quer ver. Na folia e na eleição, tudo será diferente em 2026.
Meu caro patriota de carteirinha, “não diga que a canção está perdida. Tenha fé em Deus, tenha fé na vida. Tente outra vez”. Como não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe, quem ri por último, ri melhor. O peixe morreu pela boca. Perdeu. Graças ao STF, a Xandão e ao povo que não dorme de touca, o Brasil foi salvo pelo gongo. Cutucaram a onça com vara curta e o resultado foi aquele se viu: falar de touros não é a mesma coisa que entrar na arena. A arrogância vem antes da queda. Quem perdeu, perdeu. Acabou, morreu ou será conduzido solenemente à prisão.
O limiar de 2026 trará a folia para aguardar o poente, o ocaso do ano e, junto com ele, a eleição. Que ambos sirvam para o povo entender que, embora pensem o contrário, somos todos iguais, braços dados ou não. Os que não querem mais cair no conto do vigário permaneçam caminhando, cantando e seguindo a canção. Vamos em busca das coisas boas do meu país, sempre lembrando o que Donald Trump descobriu esta semana: O diabo não é tão feio quanto se pinta. Aliás, na boca de quem não presta, quem é bom não vale nada. A César o que é de César. E deixe o resto com o povo.
…………………
Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978
