O que esperar de um Congresso presidido por um ET paraibano e por um Gremlins amapaense? Nada além de nada! Os projetos de ficção são apresentados a rodo. Já as propostas séries são alteradas até o limite da promiscuidade parlamentar, o que, aliás, está bem acima do permitido no horário nobre. E assim caminha a Casa dos Horrores, onde qualquer suspiro do presidente da República é pretexto para o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e o senador Davi Alcolumbre (PP-AP) anunciarem uma suposta nova rusga com o governo federal.
Por pura ideologia e normalmente de forma dolosa na defesa de seus interesses pessoais, deputados e senadores reagem sem qualquer preocupação aos danos que a briguinha de comadres pelo poder possa provocar na sociedade. Em lugar de tentar passar panos quentes nas barbaridades políticas deixadas pelo governo passado, os parlamentares da direita e da extrema-direita poderiam pensar e agir em benefício do povo, razão única e prioritária dos mandatos conquistados nas urnas, independentemente da coloração do partido ao qual estão vinculados.
Líder da bancada dos socorristas de Jair Bolsonaro na Câmara, o deputado carioca Sóstenes Cavalcante (PL) deveria se envergonhar do papel de vassalo profissional que desempenha em favor do clã liderado pelo ex-presidente fascista. Craque na arte de produzir xingamentos na direção do Palácio do Planalto, Sóstenes, com procuração do presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, não se incomoda de assumir publicamente o comportamento de vira-lata, conforme Nelson Rodrigues define os que têm sentimento de inferioridade àqueles que os complexados idolatram.
A indicação de Jorge Messias, ex-advogado-geral da União, para a vaga de Luiz Roberto Barroso no Supremo Tribunal é o mote da vez. Depois que o presidente Luiz Inácio confirmou sua preferência, Davi Alcolumbre subiu nas tamancas, rodou a baiana e anunciou um rompimento com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Ora bolas, não me amole, senhor senador. Afinal, cada macaco no seu galho. Cuide de seu curral e de seus bezerros desmamados com a iminente prisão de Bolsonaro. Indicar nomes para o STF não é tarefa sua.
Por que seu incômodo com o Messias, reconhecidamente um jurista de valor? Do que tem medo o nobre senador? Quem não deve, não teme. Chame o parça Hugo Motta e passem a trabalhar exclusivamente pelo Brasil. Vocês são muito bem pagos para isso. Façam valer seus mandatos e parem de dar corda ao mimimi do clã Bolsonaro e dos bolsonaristas sem tetas. Não esqueçam que eles representam no máximo 25% do eleitorado. Os demais 75% estão de saco cheio das mazelas geradas pelos congressistas que rezam na cartilha do mito.
Voltar ao tema da anistia para um ex-presidente golpista e violador público de tornozeleiras é, no mínimo, passar recibo sobre a desnecessidade dos senhores parlamentares. Pior é premiar um criminoso confesso. Tenham mais respeito pelo eleitor. Antes de Jair Messias, os deputados e senadores dependem de votos. E esses Bolsonaro não tem mais. Sobre Jorge Messias, vale lembrar que, sendo aprovado, ele ocupará a Primeira Turma do STF, sinônimo de urticária para os deputados e senadores devedores da Justiça. E todos sabemos que são muitos.
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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978
