Notibras

Vendas no varejo recuam 2,7%, maior queda já registrada nos últimos 12 anos no País

As vendas no varejo brasileiro caíram pelo quinto mês seguido em junho, com uma redução de 0,4 por cento ante maio, com a inflação elevada, aumento do desemprego e baixa confiança do consumidor pesando sobre o desempenho do comércio.

Na comparação com junho do ano passado, a queda foi de 2,7 por cento, o pior resultado na comparação anual para os meses de junho desde 2003, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.

Analistas ouvidos pela Reuters previam contração mensal de 0,4 por cento em junho e de 2,9 por cento sobre um ano antes, quando o Brasil sediou a Copa do Mundo.

Segundo o IBGE, esta foi a primeira vez que o indicador caiu por cinco meses seguidos desde o início da série, em 2000.

“O que estimulava o consumo, que era o crédito, está mais restrito e mais caro por conta da alta da Selic; você tem um aumento de inflação, que afeta a renda real, e um enfraquecimento do mercado de trabalho e da renda”, disse a economista do IBGE Isabela Nunes.

“Estamos num período de baixa confiança, seja do consumidor seja do investidor, o que desestimula as vendas e o consumo”, acrescentou.

O resultado de junho evidencia a crescente fraqueza da atividade econômica, num momento em que a economia brasileira caminha para a pior recessão em 25 anos, com economistas estimando que o país só deve voltar a crescer em 2017, segundo a pesquisa Focus do Banco Central.

“Os setores mais afetados são móveis e eletrodomésticos e hiper e supermercados. O primeiro se deve ao encarecimento do crédito e, no caso dos supermercados, tem o efeito da inflação e do enfraquecimento da massa salarial”, disse a economista do IBGE.

No primeiro semestre, as vendas no varejo acumularam queda de 2,2 por cento, o pior desempenho para todos semestres desde o primeiro de 2003, quando a queda foi de 5,7 por cento.

O varejo ampliado, que inclui automóveis e materiais de construção, mostrou queda de 0,8 por cento em junho ante maio e de 3,5 por cento na comparação anual, em meio à forte retração nas vendas de veículos, motos, partes e peças, que caíram 6,4 por cento em relação a junho do ano passado.

Sair da versão mobile