O sábado, 3, marcou o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, e o vento que sopra pelo sertão nordestino parece carregar mais do que poeira e calor: ele leva consigo histórias que, muitas vezes, lutam para serem ouvidas.
Nas pequenas cidades, entre rádios comunitárias e jornais impressos em folhas quase transparentes, resistem jornalistas que não têm holofotes, mas têm coragem. São vozes que desafiam o silêncio imposto por coronéis modernos, que ainda tentam controlar o que se diz, o que se vê, o que se cala.
Maria, por exemplo, repórter de uma rádio local no interior do Piauí, não precisa de microfone caro para denunciar a falta d’água ou a corrupção na prefeitura. Sua força vem da confiança da vizinhança e do som do rádio a pilha que ainda pulsa nos lares de barro e esperança.
A liberdade de imprensa, por aqui, não é conceito de livro — é resistência. É o jovem blogueiro em Pernambuco que escreve com o celular quebrado, é a professora do Maranhão que publica no mural da escola os versos que a cidade precisa ouvir.
No Nordeste, a imprensa livre tem cheiro de café coado cedo e suor de quem trabalha dobrado para contar a verdade. E mesmo com ameaças, censura disfarçada e falta de estrutura, ela insiste. Porque quando a imprensa silencia, o povo grita. Mas quando ela fala, o povo desperta.
Nesse 3 de maio, celebramos essa liberdade como se celebra a chuva depois de meses de seca: com fé, festa e luta.
