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Xandão pede apoio a Pai Gilmar e manda o Zé Mané para a prisão da PF

A fuga do arremedo do deputado federal Alexandre Ramagem despertou o ministro Alexandre de Moraes. Arremedo de parlamentar e quase ex-delegado gatuno da Polícia Federal, Ramagem escafedeu-se. Não se sabe como, mas, neste momento, certamente ele já ultrapassou a ponte que partiu. Filho da Pluta, irmão do Pluto, com o Sargento Pincel, Alexandre Ramagem e sua exagerada cara de Pateta a essa altura deve estar caçando chatos na cabeça morta do Mickey Mouse.

Como qualquer fuga bolsonarista pode ser a senha para despertar mais um, dois ou dez fujões da extinta seita, o ministro do STF que também atende pela simpática alcunha de Xandão calçou as alpercatas da humildade, socou a mesa com o pau amigo dos inimigos dos golpistas covardes e mandou recolher o falido líder da fajuta confraria dos aprendizes de déspotas. Fez o que deveria ter feito há meses. Começa hoje a contagem regressiva para o cumprimento dos 27 anos e 3 meses de cana dura.

Dizem os astros que o xerife do Supremo Tribunal Federal agiu na calada da noite, mas não estava sozinho. Há suspeitas de que ele contou com o apoio espiritual de Pai Gilmar de Ogum, a entidade que costuma anunciar pela Esplanada dos Ministérios que resolve de tudo um pouco e em poucos dias. Reza brava sete estrelas, Pai Gilmar é um caboclo de poder reconhecido, daqueles que aceita serviços do tipo volta do amor perdido na porrada, busca de cachorro perdido e sumiço de sogra.

Para quem descobre corno, senha de e-mail, vaga em estacionamento lotado, batiza filho de mãe solteira, resgata FGTS e cancela cartão de crédito, acordar o notívago Jair Bolsonaro às seis da matina foi tarefa fácil para o moço de além plenário. Mais uma vez as bravatas do clã do ex-presidente motivaram a reação em cadeia de Xandão. Com a ajuda dos incensos de Pai Gilmar de Ogum, o xerife do STF cheirou que havia no ar muito mais coisa do que o chamamento do senador Flávio Bolsonaro para uma vigília em frente ao condomínio onde mora Jair Messias.

Como aglomeração é sinal de maus presságios, pelo sim, pelo não, Xandão decidiu pela ordem de prisão. É a prudência de um magistrado que está até o topo com investigados do bolsonarismo que optaram pelo caminho da deserção. Pior para eles, melhor para o povo brasileiro. Finalmente, o Judiciário nacional mostra ao país e ao mundo que aqui existem leis para serem cumpridas a qualquer horário. Aliás, foi esse o principal argumento de Pai Gilmar para convencer Alexandre de Moraes de que a hora H do dia D havia chegado.

Mais mandrake do que as mágicas das histórias em quadrinhos, a doença de Jair Bolsonaro não se sustenta mais nem nos debates insossos da COP 30. A pergunta que não quer calar é simples: Como um doente terminal conseguiu passar quatro anos de mandato e mais dois ou três antes de ser condenado viajando pelos quatro cantos do Brasil e até no exterior pregando contra a democracia? Xandão não é Mané, Pai Gilmar não é Zé e a Polícia Federal não escreve lé com cré. O resultado está aí. Zé Bolsonaro finalmente terá seu próprio chalé, no qual poderá tomar café diariamente com seus novos amigos de má-fé. No Brasil do axé, a vida agora tende a ser mais leve e sem banzé. Cadeia longa para o Zé Mané. Por enquanto, em uma cela da Polícia Federal em Brasília.

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Wencslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras

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