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Refugiados

104 venezuelanos desembarcam em São Paulo nesta quinta

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Autor/Imagem:
Juliana Diógenes

O voo deixou o aeroporto de Boa Vista às 8h30 (horário local). Três ônibus levarão 74 imigrantes para um abrigo administrado pela Prefeitura de São Paulo, enquanto 26 irão para a Missão Paz – entidade ligada à Igreja Católica que recebe imigrantes e refugiados – e outros quatro à Casa de Passagem Terra Nova, equipamento do governo etadual, ambos na região central da cidade.

Um segundo voo deixará Boa Vista nesta sexta-feira, 6, também às 8h e chegou à Base Aérea de Cuiabá (MT) às 11 horas. Ônibus transportarão 69 pessoas a um abrigo administrado por uma organização da sociedade civil.

O mesmo avião saiu de Cuiabá às 12h30 e chegou à Base Aérea de Guarulhos às 15h30. Desse grupo, 77 vão para dois Centros Temporários de Acolhimento (CTAs) exclusivos para venezuelanos da Prefeitura de São Paulo e cinco vão para a Casa de Passagem.

Ao todo, a cidade de São Paulo aguarda a chegada de 300 venezuelanos nas próximas semanas. Na capital paulista, da base aérea de Guarulhos, os refugiados sairão de ônibus para o CTA de São Mateus, na zona leste da capital, e para os abrigos da igreja e do Estado.

Famílias com crianças, incluindo bebês, serão acolhidas na Missão Paz e na Casa de Passagem. A Prefeitura restringiu o abrigamento a adultos solteiros: o CTA São Mateus acolherá 132 venezuelanos, no CTA Santo Amaro serão 28, oito homens e 20 mulheres.

“Vamos receber famílias com crianças de menos de um ano, de um ano e de dois anos. Estamos esperando em torno de dez crianças no grupo”, explica o diretor da Missão Paz, padre Paolo Parise. Segundo ele, homens e mulheres, apesar de serem da mesma família, ficarão acolhidos em quartos separados.

Moradores de rua – A gestão do prefeito João Doria (PSDB), que inicialmente iria acolher os venezuelanos em abrigos de moradores em situação de rua, desistiu e decidiu hospedá-los em CTAs exclusivos para o público refugiado.

“Nesse primeiro momento, entendemos que é melhor, após conversas com a Acnur, uma situação de receber exclusivamente venezuelanos (nos CTAs)”, disse esta semana o secretário municipal de Assistência Social, Filipe Sabará. De acordo com ele, uma recomendação da ONU orienta que refugiados sejam acolhidos separadamente de outros públicos.

Para recebê-los, a Prefeitura realocou moradores em situação de rua que estavam nos CTAs para outros centros próximos. Sabará não soube dizer o número de moradores removidos dos dois locais.

Segundo o secretário, o critério de escolha dos dois centros foi a proximidade com empresas de potencial empregatício. Dos 17 CTAs na cidade, Sabará disse que nove estão aptos a receber venezuelanos. No CTA Santo Amaro, serão recebidos homens e mulheres. Já no CTA São Mateus, somente homens.

A escolha dos refugiados encaminhados para São Paulo foi feita pela Acnur, que coletou nos abrigos em Roraima informações dos imigrantes que tinham interesse em se mudar e trabalhar no Brasil. Desde 2015, 38,4 mil venezuelanos já entraram no País, fugindo da crise econômica e política que atinge a Venezuela. O número inclui estrangeiros que usaram o território brasileiro apenas como passagem para outras nações.

Embora o acordo entre o governo federal e a Prefeitura de São Paulo para o recebimento de venezuelanos tenha sido anunciado em fevereiro, o primeiro grupo só está sendo encaminhado à cidade nesta semana porque o governo de Roraima e o Ministério da Saúde decidiram realizar ações de vacinação nesse público antes de encaminhá-lo para outras localidades.

Com a crise no país vizinho, surtos de doença como sarampo e difteria estão se espalhando pela Venezuela. Com a chegada de imigrantes que não haviam sido imunizados, o Brasil registrou em fevereiro o primeiro caso de sarampo em quase três anos. Agora, já são 42 registros (8 em brasileiros e 34 em venezuelanos) e duas mortes confirmadas em Roraima.

Uma campanha de vacinação contra a doença foi iniciada no Estado em 10 de março e já vacinou 35 mil pessoas. A meta é imunizar 400 mil.

Crise – Além de São Paulo, o governo federal anunciou em fevereiro que os imigrantes seriam distribuídos também no Amazonas, Paraná e Mato Grosso do Sul. O Brasil é o segundo principal destino da diáspora venezuelana, provocada pelo agravamento da escassez de remédio e alimentos no país, afetado por uma hiperinflação que neste ano deve chegar a 13.000%.

A chegada de mais de 40 mil imigrantes venezuelanos – que fogem da crise política e econômica no País – a Roraima tem aumentado a tensão no Estado, que faz fronteira com a Venezuela. Com a chegada maciça de refugiados venezuelanos ao norte do Brasil, os relatos de casos de exploração do trabalho aumentaram quase na mesma proporção.

Relatórios de instâncias internacionais revelaram recentemente casos de assédio e violência sexual no local de trabalho, violência física e verbal, condições de trabalho análogas à escravidão, exploração sexual e evidências de tráfico humano sofridos pelos venezuelanos no Brasil.

Há dez dias, um grupo de 300 brasileiros expulsou de um abrigo improvisado em Boa Vista cerca de 200 venezuelanos – entre eles, mulheres e crianças. A confusão ocorreu depois que uma briga, no domingo, deixou um brasileiro e um venezuelano mortos no município de Mucajaí, a 50 quilômetros da capital de Roraima.

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