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1×0 para as mulheres. Elas são menos idiotas do que os homens

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Todo ano, o respeitável “British Medical Journal” (BMJ) publica, na época das festas, uma seleção de artigos um tanto maliciosos. Quanto à forma, essas publicações exibem toda a seriedade e todos os atributos normalmente exigidos pela revista de referência. Mas no conteúdo, elas se permitem uma pequena escapada.

Nos últimos anos, o “BMJ” ofereceu a seus leitores um olhar sobre a transmissão “genética e epigenética” das habilidades em magia; uma comparação do efeito do vinho, do chá preto e do schnapps sobre o estômago, associados ao fondue savoyarde; ou ainda uma análise de por que só se encontram revistas velhas nas salas de espera de médicos…

Este ano, o “BMJ” decidiu pegar pesado. Ele dedicou seu título principal da edição de Natal a um estudo britânico que se propõe a demonstrar a “diferença dos sexos nas condutas estúpidas”. Para isso, ele escolheu como amostra todos os laureados do Darwin Awards. Há 20 anos, esses prêmios concedidos na Califórnia recompensam aqueles que “escolheram melhorar o pool genético da espécie ao extrair-se dela definitivamente”. Em outras palavras, eles homenageiam os mortos mais burros.

Os Darwin Awards são exigentes. Os fatos devem poder ser verificados. Quanto aos candidatos, eles devem ter realmente morrido, ou pelo menos se esterilizado definitivamente; devem ter sido responsáveis por seus atos no momento dos fatos; devem ter eles mesmos causado seus próprios reveses; e devem ter demonstrado uma falta excepcional de bom senso…

“Por exemplo, o prêmio descarta os indivíduos que atiram na própria cabeça ao tentarem mostrar que sua arma não está carregada”, afirma o “BMJ”. É frequente demais e deve ser classificado na categoria “acidente”. Em compensação, aqueles que atiram na própria cabeça ao tentarem mostrar que a arma está carregada merecem o prêmio, como o homem que se matou com sua caneta espiã ao mostrar para um amigo que era uma arma de verdade.”

O site do Darwin Awards oferece uma bela compilação da imaginação humana colocada a serviço da burrice. Como o morador de Louisburg (Carolina do Norte), que salta de um avião para filmar paraquedistas… e se esquece de colocar um paraquedas; o texano que corre atrás de uma lata de cerveja e é atropelado por um caminhão; o caçador clandestino polonês que pescava com eletricidade e teve o mesmo destino que suas presas depois de cair na água. Menção honrosa para Garry Hoy, advogado de 39 anos: ele queria demonstrar a estudantes a solidez dos vidros de um prédio de Toronto, mas um deles não resistiu a seu golpe de ombro e ele caiu do 24º andar. E o prêmio do júri foi para um aprendiz de terrorista, cuja nacionalidade o site do Darwin Awards não especifica, que morreu com a carta-bomba que ele mesmo enviou, mas que voltou para ele por falta de selos.

Embora o prêmio se diga aberto a todos, “sem distinção de raça, cultura e nível socioeconômico”, não há como não constatar que os homens formam a grande maioria dos premiados. Ainda mais que o “BMJ” optou por descartar as laureadas que estavam junto de seus companheiros –em geral, casais que tentavam posições audaciosas demais. No final, dos 318 laureados escolhidos na amostra, só restaram 36 mulheres. Portanto, os cavalheiros representam, após verificação, 88,7% dos idiotas comprovados.

Os quatro pesquisadores britânicos que assinaram o artigo admitem que podem ter escapado algumas tendenciosidades em seus trabalhos. Como o prêmio foi criado por uma mulher, o júri pode ter manifestado preferências pela estupidez masculina. Da mesma forma, a idiotice dos homens muitas vezes aparece de forma mais “midiática”. No entanto, os pesquisadores acreditam que a diferença parece ser grande demais para ser atribuída a somente essas eventuais discrepâncias metodológicas.

Mais grave é a influência do álcool. “A diferença pode ser explicada amplamente pelo comportamento dos dois sexos em relação ao álcool”, dizem os pesquisadores. “Sob o efeito da bebida, os homens parecem desenvolver um sentimento particular de invencibilidade”. Como os três amigos no Camboja que inventaram uma versão da roleta russa: depois de virar uma bebida, cada um pulava sobre uma mina antiga, ainda não desativada. A explosão de uma mina matou todos os três.

Para os autores do estudo, portanto, foi feita a demonstração daquilo que eles chamam de Male Idiot Theory (MIT, teoria da idiotice masculina). Esses riscos imprudentes podem ser vistos, segundo eles, como um rito de passagem, uma busca por reconhecimento de outros homens ou simplesmente para obter “o direito de se gabar”. Mas como bons adeptos de Darwin, eles se perguntam se o fenômeno não faz parte da seleção natural. Afinal, esses comportamentos estúpidos seriam benéficos… àqueles que não são as vítimas.

Serão necessários estudos complementares? Certamente, afirmam os autores, que comemoram a chegada do período de festas, que definitivamente são um campo de observação privilegiado.

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