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O comum e o extraordinário

Política, futebol e religião, se discute, sim (e escreve-se sobre)

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@donairene13 - Foto de Arquivo

Gosto de escrever sobre política, futebol e religião. São temas que me inquietam, me movem, me desafiam. A política porque revela o melhor e o pior do ser humano — e, às vezes, tudo ao mesmo tempo. O futebol porque é emoção em estado bruto, é arte e identidade, é grito preso na garganta que vira canto. A religião porque fala das nossas tentativas de compreender o mistério, de nomear o invisível, de encontrar consolo nas perguntas sem resposta.

Mas, se eu for honesta comigo mesma, preciso dizer: nada me encanta mais do que o ordinário. É no comum que meu coração repousa. São as pequenas cenas do cotidiano que me puxam pela manga e sussurram: “Escreve sobre mim”.

Gosto de registrar o dia a dia — essa sucessão de acontecimentos que, aos olhos apressados, pode parecer banal, mas que guarda uma beleza sutil. Um bilhete esquecido na geladeira. A maneira como alguém segura uma xícara de café. A criança que canta alto no ônibus sem se importar com o olhar alheio. A mulher que estende a roupa enquanto conversa sozinha. Gosto do que é vivido sem alarde. Da poesia que mora nas entrelinhas da rotina.

Escrever sobre o cotidiano é minha forma de resistir ao esquecimento. De celebrar o que quase passa despercebido. É um jeito de dizer: “isso aqui também importa”. Porque, no fim das contas, são essas miudezas — os silêncios, os cheiros, os gestos, os olhares — que compõem a vida que a gente vive de verdade.

E talvez seja por isso que eu escrevo: pra lembrar que o comum também é extraordinário. Basta prestar atenção.

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