Curta nossa página


Tentar e tentar

Amante que cansa, democracia vale à exaustão

Publicado

Autor/Imagem:
@donairene13 - Foto de Arquivo

Hoje eu venho aqui para fazer uma confissão simples, mas honesta: a democracia cansa.

Cansa a gente ver tanta notícia contraditória.

Cansa o barulho das redes sociais, o bate-boca político, a polarização.

Cansa a sensação de que estamos sempre recomeçando, sempre lutando pelas mesmas pautas.

Cansa, sim.

Mas — e aqui eu peço atenção — esse cansaço é um privilégio.

Porque o silêncio da ditadura parece calmo, mas é opressivo.

Não é paz: é medo.

É o medo de escrever o que se pensa.

De cantar o que se sente.

De amar quem se ama.

De enterrar os próprios mortos.

A democracia nos enche de ruído, mas é o ruído da vida pulsando.

É o som da discordância, da crítica, da liberdade.

É a gente podendo dizer que tá cansada — sem medo de ser presa, calada ou torturada por isso.

E é por isso que eu digo: entre o cansaço da liberdade e o silêncio da opressão, eu escolho o barulho da democracia.

Eu escolho a dúvida, o debate, o voto.

Eu escolho me decepcionar e tentar de novo.

Porque é no meio dessa bagunça que a gente constrói justiça.

É no cansaço da participação que mora a dignidade do povo.

Então, sim.

Democracia cansa.

Mas vale cada segundo de exaustão.

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2025 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.