Sábado de enxaqueca
Show de Lady Gaga prova que fã se entrega a um rito
Publicado
em
Ontem teve show da Lady Gaga em Copacabana. E antes que me perguntem: não, eu não sou fã. Nem dela, nem da Madonna, nem de nenhuma diva pop da atualidade. Gosto de algumas músicas, reconheço o talento, tenho simpatia, mas não sou dessas que sabe coreografia, discografia e nome de figurino.
E, pra ser bem honesta, nem fui ao show, nem vi pela TV. Passei o dia com uma crise de enxaqueca daquelas que fazem a gente querer negociar com o universo pra trocar a cabeça por um tijolo.
Mas, mesmo no escuro do quarto, entre compressas frias e silêncio forçado, eu soube. Soube que mais de 2 milhões de pessoas tomaram a orla do Rio pra ver Lady Gaga transformar Copacabana em um palco planetário. Vi fotos depois, vídeos, li relatos. E uma coisa é certa: Dudu Paes acertou em cheio. Além do retorno financeiro com turismo, comércio, hotelaria e toda a engrenagem que gira junto a um evento desse porte, o Rio voltou a ocupar as manchetes do mundo — dessa vez por um motivo bom, por um motivo bonito.
Mas, sinceramente, não era isso que eu queria dizer.
O que eu realmente queria dizer é que o fã brasileiro é, sem exagero, o mais apaixonado do mundo. É o mais intenso, o mais criativo, o mais engraçado, o mais disposto. É o tipo de gente que passa horas no sol, inventa fantasia, chora, canta todas as músicas e ainda tem energia pra aplaudir o pôr do sol e agradecer pela experiência.
O fã brasileiro não vai a um show, ele se entrega a um rito.
Ontem eu não vi a Gaga brilhar. Mas vi o Brasil brilhar através dos olhos dos little monsters, como são conhecidos seus apaixonados e apaixonantes fãs. E, mesmo com a cabeça latejando, não teve como não se emocionar.