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Silêncio de corredor

É preciso escrever para salvar e salvar-se nas paredes do manicômio

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Autor/Imagem:
Emanuelle Nascimento - Foto Francisco Filipino

Os corredores são longos, frios, impregnados de um cheiro agridoce de álcool e ausência. Os olhos que me olham, às vezes atentos, outras vezes perdidos em um vazio que só quem convive com a loucura reconhece.

Ao lado, a ficha clínica, a prancheta, o diagnóstico: esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar. Eu, com meu caderno, tentando dar conta do indizível, do que não cabe em prontuários.

Vejo Marta, que canta baixinho no refeitório; vejo José, que escreve cartas para um Deus que talvez só ele conheça.

Ali, no hospital psiquiátrico, percebo o quanto a sociedade performa suas representações do normal e do desviante, como diria Goffman. E percebo também a violência do silêncio: calar o outro é calar sua existência.

Escrevo para que Marta e José sejam mais que estatísticas. Escrevo para que seus nomes não desapareçam. Escrevo porque, ao narrar, eu também sobrevivo.

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Contato: Emanuelle Nascimento
E-mail: [emanuellenascimento1708@gmail.com] Instagram:
[@emanuelleanascimento]
Telefone: [(98) 98865-6392]

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