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Cheiro de chuva em dia seco

Ainda sobre o amor, que entra sem bater na porta e ouve o pulsar do coração

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Autor/Imagem:
@donairene13 - Foto Produção Editoria de Artes/IA

Encontrar um novo amor depois de passar por decepções, desilusões, ou uma separação dolorosa, é como descobrir um jardim escondido atrás daquela parede que você jurava ser o fim da estrada. Onde a esperança cansou de bater e foi dormir de conchinha com a descrença.

Mas um dia, quando os relógios já não contavam mais as horas do coração, o impossível bate à porta. E entra. Sem cerimônia, sem pedir licença. Traz nos olhos um calor que você tinha esquecido que existia, um riso que não parece novidade, mas casa antiga.

Amar, depois de achar que não dava mais, é como sentir cheiro de chuva num dia seco.

É vento soprando por dentro da alma, derrubando o pó das memórias tristes, varrendo os cantos onde moravam as desistências.

É como morder uma fruta madura sem saber que ela estava ali, te esperando no galho mais improvável do pomar.

É estranho no começo. Como se o corpo não soubesse mais a coreografia. Como se a pele tivesse desaprendido a língua do toque.

Mas o amor ensina. Com paciência de quem sabe que chegou tarde, mas veio pra ficar.

E, então, você se vê sorrindo no meio da rua. Sentindo frio só de pensar na ausência.

Se vê acreditando no impossível.

E entende que o amor não vem quando a gente procura.

Vem quando a gente se rende.

Como se o universo dissesse: “Demorou, mas tá aqui. É teu. Porque você ainda acredita, mesmo sem querer. Porque, no fundo, sempre acreditou.”

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