Artistas inoperantes
Político que sabe apenas de política nem de política ele sabe
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São várias as razões para desdizer qualquer análise sobre os políticos. Fico somente com duas para não esticar a discussão: ele não precisa de formação e não presta concurso público. O que sei é que o mundo anda muito complicado, mas o show tem de continuar. A guerra entre Rússia e Ucrânia faz tempo passou dos mil dias. O conflito envolvendo Israel e Hamas e o Hezbollah parece que teve um fim mandrake. Para alguns brasileiros, o problema maior está entre nós: embora amadores, golpistas de carteirinha estão soltos e rindo da Justiça e dos bobalhões que teimam em reverenciá-los.
A festa da vitória de 2022 continua a pleno vapor, mas a batalha de 2026 já começou. Será o fantasma daquele que foi sem nunca ter sido contra o camarada comunista supostamente do corpo fechado. Será que ele é imorrível? Saberemos em 2026. Passada a febre da anistia para terroristas fracassados, até lá a xaropada amolante ficará por conta da escala 6×1. É o regalo esperado pelo trabalhador que pensa como um parlamentar. Perdão pela chatice, mas, se permitem, sou um chato sincero. Melhor do que ser falso. Confesso que já tentei dizer fuck you para o mundo redondo por achá-lo chato demais.
Desisti da ideia no dia em que, folheando um dicionário, descobri que “punhado” é o que cabe na mão e “bocado” o que cabe na boca. Percebendo que seria mais uma dessas piadas chatas e pegajosas, nem quis olhar o significado de “cunhado”. Coitado dos meus. Chegamos ao vale tudo. Alcançamos a quadra da vida em que um grupo de militares se achou no direito de planejar um golpe e imprimir os detalhes do plano nas dependências do Palácio do Planalto. É o fim do mundo? Não! É apenas o começo. É por isso que, desde que não pisem nos meus ovos, aceito olhar todo ser humano como se fosse míope.
Voltando aos políticos, os mais chatos são aqueles que, por falta de conteúdo, adoram discursar a respeito da guerra entre direita e esquerda. Sugiro aos que pensam dessa forma estudos mais aprofundados acerca desse estúpido e monotemático conceito. Um mínimo de conhecimento seria suficiente para que os homens públicos percebessem que a grande batalha do Brasil não é da direita contra a esquerda, mas do Brasil contra todos os que se apropriam do Estado em benefício próprio, “gerando um peso insustentável para o país”. Quem são esses? Os políticos, é claro.
Em resumo, o que existe de fato no Brasil é um grupo de “artistas” unidos e operantes controlando uma maioria intelectualmente inoperante. Usuário por longo tempo das informações dos chamados homens públicos, posso afirmar que não há nada mais inútil do que discutir política com políticos. Falar, escrever ou sonhar com política é a mesma coisa de se imaginar enxugando gelo, engarrafando fumaça ou contando estrelas no céu nublado. Ou seja, é nada vezes nada igual a nada. Sei disso e tento diariamente evitar o tema.
O problema é que, além da mesmice dos políticos, há a insistência de boa parte deles em achar que todo brasileiro é ignorante eleitoral, idiota político e parvo por conveniência. É por isso que hoje prefiro os palhaços, os trapezistas e, principalmente, os médicos. Remédio para todos os males, menos o mal do amor, a medicina é, no sentido mais amplo da expressão, uma inspiração artística. Que bom seria se os políticos copiassem o profissionalismo dos médicos nos contatos com os eleitores. Com raríssimas exceções, nossos doutores são mestres na arte de entender a alma do paciente antes de tentar curar o corpo. Quanto aos nossos representantes nos parlamentos diversos, o que posso dizer é que o político que sabe apenas de política nem de política ele sabe. Imaginem se preocupar com o povo.