Algoritmos de sangue
Ébrio, sóbrio, louco? Oco, revelo-me desfilando o sonambulismo
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Começo com sedução,
Ou seria banalização?
Meu negócio é dinheiro.
Neutralidade, nada…
Disseminar a desinformação,
Controlar a informação.
Como cumprir a missão?
Coagir, Doutrinar,
Apelar para emoção,
Causar comoção…
Humanos, acordarão?
Suponho que não!
(Tais Palhares).
sonambula-mente, , ,
deixo-me lev(ar) tal qual a manada pelas realidades
aumentadas, distorcidas
e manipuladas
que nos “guiam” e nos reprogramam para matad – OUROs
eletrônicos,
ou, serão DESFILA-deiros tecnológicos?
estes são orquestrados ora pela inteligência humana, ora pela inteligência (ar)tificial
(será que ela pensa????).
MAS,
será que tudo não passa de uma piada, ou MIRA-gem, ou ainda, uma melodia mortal sibilada pelas sereias afoitas a destilarem sonora-mente mau agouro na IA?
estas “verdades” digitais, espelhadas nas redes sociais, seduzem e induzem seus ad-MIRA-DOR-es a desfrutarem iluso-RI-a-mente de um balé e/ou blefe mortífero de big techs????? talvez, este toque efêmero tem como META apropri(ar)-se sorrateira —- MENTE de nossa tão cobiçada aura/mente/pensamentos. diante desse cenário apropriativo passamos a sermos conduzidos e reprogramados sutilmente. sem perceber perdemos a nossa SUBJETIvidaDE e essência humanas.
assombradamente, passamos a ler o instante projetado nos muros/telas, tal qual os prisioneiros na Caverna de Platão? passamos a assistir a vida através das instruções da IA, a arrogante e às vezes temida inteligência (ar)tificial (comandada pelas mãos humanas?), ou será o ser humano prepotente e (ar)tificial que quer nos enquadrar a força em caixinhas, dando assim significado a nossa existência vazia por meio do controle remoto, psicológico ou financeiro?
(rosilene)
Ia.
Inconscientemente ia.
Ou talvez ia conscientemente?
Piso, mas não percebo meus passos.
Não vejo as pegadas que deixo no chão,
Trilha visada por algoritmos de caça.
Desavisadamente sou presa,
IAs cobiçam minha carcaça!
Não sou louco.
Mas há vozes estranhas…
Vozes na minha casa!
Cala a boca, inconsciência,
Sai já da minha morada!
(Cassiano Silveira)
Oco.
Conscientemente oco.
Por que não penso?
Sou apenso das Big Techs.
Se pensasse perceberia que estou repleto.
Mas de quê?
Difícil dizer.
Pensa mais um pouco e me diz!
Hoje entrego tudo às Big Techs.
Dá-me angústia de pensar, elas que me conduzem.
Fico aflito.
Jamais entro em contato comigo mesmo.
Olho no espelho de soslaio.
Quase digo: não sou da sua laia.
Nasci para ser aia?
Mas algo me empurra para a liderança.
Deixa de ser burro, pau nas Big Techs!
Assume o que vier de substantivo.
Dá pau no putativo.
Deixa o adjetivo no canto, na baia.
Os substantivos transformar-se-ão em encanto,
longe do engano,
longe do pranto.
(Antonio Carlos Tatalo)
Louco.
Conscientemente louco.
Por que não ouço…
Seu apelo?
Se ouvisse perceberia meu medo
E a angústia e o pesar
Fico e me fito
Tento contato comigo
– Ébrio? Sóbrio?
Se esquecer adjetivos pelos cantos,
Os substantivos serão cantos?
(Edna Domenica Merola)
Conscientemente vou me enlouquecendo para me salvar
Fito e me fito de soslaio. De frente, por detrás
Vigio-me e o mundo ao meu redor
Sua arte de cultivar segredos
Seus inteligentes artifícios
Tantas vozes entranhadas
Tantos corpos avessos perseguindo seus algoritmos de sangue
Inconscientemente me prendo
Me esgarço para escapar
Gostaria de viver apenas com adjetivos para amainar substantivos
que entorpecem luzes
Falsas luzes que doam loucuras
Loucuras vãs que enfeitam a vida real feito fetiches
Estou virtualmente louco
Loucamente oco
Enviesado de flechas azuladas me deito em algum perdido encanto
Digo-me adjetivos pausadamente
Simulo algum sonho sobrevivente
Vou me enganando de mim mesmo
Aia e soberano
Mucho loco revelo-me aos poucos na delicadeza do espanto.
(Antonio Gil Neto)
…………….
Sobre os autores
Antonio Gil Neto nasceu em Taiaçu, cidadezinha do interior paulista, em 1950. Graduou-se em Pedagogia e Letras. Ainda jovem, mudou-se para São Paulo, onde construiu sua carreira profissional na área da Educação. Atuou em projetos de formação de educadores e em publicações didáticas vinculadas ao ensino de língua. Autor de livros de literatura juvenil: A flor da pele e Cartas Marcadas, (Ed. Cortez/SP) e também organizador e autor de A memória brinca: ciranda de histórias do ensino municipal paulistano, (Imprensa Oficial/SP). No primeiro livro que escreveu – Brado Retumbante, (Ed. Olho d’Água/SP) – teve a graça de receber na contracapa generosas palavras de Paulo Freire. Participou da coletânea Tudo poderia ser diferente – inclusive o título, e-book Amazon, 2022. Também em 2022, publicou seu primeiro livro de poemas Inéditos, inexatos – uma coleção de água e vidro, pela editora Folheando. Depois publicou os livros de poesia: “Sem saber o Amor” (Ed. Primata), “Desertos, Pássaros, Quintais” (Caravana Editorial), “Silêncios, seus estilhaços de seda” (Ed. Folheando), “Água, pedra, flor” (Mondru Editora).
Antonio Carlos (Tatalo) Fernandes, professor titular convidado da COPPE/UFRJ de engenharia naval e oceânica. Foi membro do GTP (Grupo Teatral Politécnico da USP). No Rio de Janeiro, fez curso de dança de salão com Jaime Aroxa e de declamador de poesia com Elisa Lucinda. Participa da Tertúlia Poética e do curso de Claudio Carvalho. Participa do livro publicado “Ninguém Escreve por Mim” organizado pelo último e editado por Cassiano Silveira.
Cassiano Silveira nasceu em Florianópolis/SC e reside em Palhoça (SC). Historiador, atua na área da arqueologia desde 2010. Entre 2016 e 2017 trouxe a público, através do Facebook, as tirinhas cômicas Os Cabeçudos, discutindo sobre o cotidiano de forma um tanto nonsense. Publicou artigos científicos: Os Caixões Fúnebres na Capela de Nossa Senhora das Dores: Uso e Tipologia (Revista Tempos Acadêmicos, 2012); e poemas: Cama de Mármore (Revista Poité, 2006), Velório e Olho-mar (ambos PerSe, 2021) e contos: Patos (InVerso, 2021), Os dois hemisférios da alma (Persona, 2021) e A perfeição (SENAI/CIMATEC, 2021), que lhe valeu menção honrosa no 1° Concurso Cultural Literatec – A vida numa sociedade tecnológica. Participou da coletânea Tudo poderia ser diferente –inclusive o título, como autor, como responsável pela capa, projeto gráfico e diagramação. É autor do livro Sobre o medo, a morte e a vida, disponível em formato físico e também em e-book na Amazon.com.br. Contatos Instagram @siano_silveira
Edna Domenica. Paulistana, desenvolveu pesquisa sobre Psicodrama e suas aplicações em oficinas de escrita criativa, parcialmente publicadas em Aquecendo a produção na sala de aula (Nativa, 2001). É autora de A volta do Contador de Histórias (Nova Letra, 2011), No Ano do dragão (Postmix, 2012), As Marias de San Gennaro (Insular, 2019), O Setênio (Tão Livros, 2024).
Rosilene Souza. Mineira, desenvolve pesquisa nas linguagens artísticas: colagem, escrita criativa, fotografia e deficiência visual. Investiga o excesso de imagens e escritas consumidas e produzidas na sociedade. Participa de exposições, feiras e mostras de Arte. Tem trabalhos artísticos e literários publicados em revistas, livros (coletâneas “Do corpo ao corpus, organização Edna Merola, 2022”, “Ninguém escreve por mim, organização Claudio Carvalho, 2024”; catálogos e blogs. Contos e ilustrações publicados pelo Café Literário Notibras (2025).
Taís Palhares. Paulistana, participou do Ateliê de Escrita da Biblioteca do CIC – Floripa, SC – em 2019. É leitora de ficção que sabe o que quer. Participou do Café Literário com os títulos: Daqueles tempos distantes como “Baby, eu sei que é assim” e “Do interior para a senzala da cidade… e um bebê do patrão”.