57 contos
A casa que transpira inspiração e muita história
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Pra quem não sabe, durante os três anos em que vivi em Porto Alegre, eu morei num apartamento com história. Não era um apartamento qualquer, era o apartamento que pertenceu a ninguém menos que Caio Fernando Abreu. Sim, o Caio Fernando Abreu, o mesmo que escreveu ‘Morangos Mofados’, que levou o Jabuti, que embalou toda uma geração com seus contos cheios de poesia, angústia e beleza.
Sempre achei meio místico esse negócio de morar num lugar que já foi habitado por um escritor genial. Como se, de vez em quando, o espírito literário da casa ainda soprasse umas ideias no ouvido de quem estivesse por lá. E talvez tenha soprado mesmo. Porque foi também ali, em Porto Alegre, que meu marido, o Eduardo Martínez — que, por coincidência ou não, também é escritor — escreveu, na minha humilde e absolutamente imparcial opinião de esposa, os melhores contos da sua vida.
Agora, olha só a reviravolta: o Eduardo também está concorrendo ao Prêmio Jabuti com seu livro ‘57 Contos e Crônicas por um Autor Muito Velho’ (o título já entrega o humor dele, né?). E eu, claro, gosto de imaginar que há um pouco daquele espírito do Caio rondando o teclado, soprando inspiração, dando aquele empurrãozinho nas palavras certas, como um padrinho literário invisível.
Alguns chamam de coincidência. Eu prefiro chamar de energia do apartamento. Ou, quem sabe, de tradição da residência: entrou, mora, escreve, ganha Jabuti. Estou achando essa sequência bem promissora, inclusive.
Agora fica o recado: se alguém souber de algum outro imóvel com histórico literário disponível, me avisa. Vai que funciona de novo, né?
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