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A lenda do Curupira

Protetor da floresta ganha vida no Nordeste

Publicado

Autor/Imagem:
Acssa Maria - Texto e Foto

Nas matas cerradas do Nordeste, onde o verde ainda resiste bravamente ao avanço do concreto, há quem jure ter visto pegadas viradas para trás no chão úmido da floresta. São os sinais deixados por ele – o Curupira, o guardião encantado das matas, o defensor dos animais, o espírito indomável da natureza.

Com seus cabelos vermelhos como brasa viva e os pés ao contrário para confundir caçadores e curiosos, o Curupira não é apenas uma lenda; é uma presença que se sente no vento que assobia entre as folhas, nos galhos que estalam quando ninguém deveria estar ali, no sussurro das árvores quando a floresta cala.

Na imaginação nordestina, ele não só habita as matas fechadas da Caatinga ou os resquícios de Mata Atlântica, mas também os corações daqueles que vivem em harmonia com a terra. Os mais velhos contam histórias ao redor da fogueira, entre uma pamonha e um gole de café, advertindo os mais jovens: “Não desrespeite a natureza, que o Curupira vê tudo e protege o que é seu”.

Dizem que ele se manifesta quando um animal é abatido por pura ganância ou quando árvores são cortadas sem necessidade. Nesses momentos, o protetor surge como um vendaval de ira, confundindo trilhas, fazendo as pessoas se perderem, assustando com risos agudos que ecoam entre os galhos secos.

Mas nem só de susto vive essa entidade. Para os que respeitam a floresta, o Curupira é benção. Muitos mateiros e agricultores humildes juram que, nas noites mais silenciosas, uma brisa leve e um brilho entre as árvores anunciam que ele está cuidando, zelando pelo equilíbrio sagrado entre o homem e a natureza.

No sertão nordestino, onde o chão racha de sede e a sobrevivência é uma arte, o Curupira também representa resistência. Ele é o lembrete de que a floresta tem alma, que o mato fala, e que a vida pulsa mesmo nos lugares onde o verde parece rarear.

Mistério e magia, fé e respeito — o Curupira vive. E enquanto houver quem conte suas histórias e quem preserve as matas, o encantado menino dos pés invertidos continuará a ser, no coração do Nordeste, o símbolo vivo da força da natureza.

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