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Junho gélido

A política das estações e os corpos que tremem no Sul do país

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Autor/Imagem:
Emanuelle Nascimento - Foto Francisco Filipino

O frio chegou e não pediu licença.

Em Curitiba, cobertores improvisados. Em São Paulo, abrigos lotados. No Nordeste, surpresa climática. As temperaturas despencam, mas o que mais impressiona não são os termômetros são os corpos sem teto, sem voz, sem calor humano.

Michel Foucault diria que o Estado produz corpos úteis e descarta os que não servem à lógica da produção. E no inverno, os descartados congelam. Literalmente. Os sem-abrigo não têm estação: vivem no exílio permanente da cidade, como restos da urbanização que prometia conforto para todos.

O frio expõe a nudez das políticas públicas. Ele denuncia o que está errado: a urbanização sem moradia, a arquitetura sem humanidade, o progresso que se esquece do chão. Clarice Lispector escreveu: “Alguns vivem, outros apenas existem.” No inverno brasileiro de 2025, muitos apenas resistem.

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Emanuelle Nascimento, colaboradora do Café Literário, costuma escrever textos para outras editorias de Notibras

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