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A direitona

Centrão é um retrato fiel da farsa política brasileira

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Autor/Imagem:
Rafaela Fernanda Lopes - Foto Irene Araújo

A ideia de “centrão” como um grupo político moderado é uma das maiores farsas da política brasileira. Não existe centro quando se vota sistematicamente com a extrema direita, sustenta governos autoritários ou negocia cargos e verbas em troca de retrocessos sociais. O chamado centrão é, na prática, uma fração da extrema direita que prefere operar nos bastidores, disfarçada de pragmatismo, enquanto atua como alicerce do que há de mais reacionário no Congresso.

Esses políticos usam o rótulo de “centro” para não assumirem publicamente aquilo que realmente são. Mantêm a pose de neutros, equilibrados e técnicos, mas suas decisões e alianças revelam a verdade: votam com quem quer destruir direitos trabalhistas, barrar políticas sociais, privatizar o que puder e desmontar a democracia. São uma linha auxiliar da extrema direita, apenas sem alarde nas redes, preferindo assinar decretos nos bastidores e costurar emendas no silêncio confortável do sistema.

O discurso de que o centrão está “com quem governa” por praticidade é uma desculpa cínica. Na prática, esse senso prático serve para blindar presidentes autoritários, sustentar escândalos, controlar verbas públicas e manter os privilégios da elite. É um grupo que se molda ao poder para sugar o máximo dele e, no processo, aprofunda os mesmos projetos de destruição defendidos pela extrema direita sem disfarces.

Eles não gritam “Deus, pátria, família” nas manifestações, mas assinam as leis que transformam esse lema em realidade. Fingem equilíbrio para preservar a imagem diante da opinião pública, enquanto sustentam pautas conservadoras que atacam mulheres, LGBTQIA+, trabalhadores, professores, indígenas, quilombolas e qualquer grupo fora de seu ideal reacionário.

Não há nada de centro em quem nega avanço social e vende o país aos pedaços. O centrão é parte da extrema direita; só opera de terno, com linguagem técnica e discurso calculado. O projeto, porém, é o mesmo: manter regalias e impedir qualquer transformação real que traga benefício à classe minoritária. Chamá-los de “extrema direita disfarçada” não é provocação, é constatação. Enquanto aceitarmos a falácia do “centrão” como moderação, eles seguirão vendendo retrocesso como estabilidade. Não há meio-termo: só há conivência e covardia travestidas de ordem.

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