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Oásis da Alma

Quero ser o cálice onde o néctar da presença se derrama sem pressa’

Publicado

Autor/Imagem:
Luzia Couto - Foto Francisco Filipino

Sou viajante de mim mesma,

um andarilho das emoções em brasa,

caminhando por dunas de pensamentos

onde o vento sopra memórias

como folhas secas de um outono que nunca terminou.

Minha mente, um deserto de luas partidas,

onde os sonhos, como caravanas dispersas,

perdem-se entre miragens de promessas não cumpridas.

E ainda assim, sigo —

com os pés feridos de esperança

e os olhos cheios de sede.

Escuto o silêncio como quem ouve um segredo antigo,

um eco que vem das cavernas do coração.

Cada passo é um poema inacabado,

cada tropeço, uma vírgula no verso da existência.

Procuro o amor não como quem busca abrigo,

mas como quem deseja ser abrigo.

Quero ser o lençol de brisa

que cobre a pele da ausência,

o cálice onde o néctar da presença

se derrama sem pressa.

Entre espinhos e constelações,

vejo a silhueta que habita meus delírios

não como miragem,

mas como escultura viva

esculpida no mármore do desejo.

Ela é a fonte que canta no centro do meu deserto,

a flor que floresce mesmo sem primavera,

o mapa que meus dedos procuram

nas linhas do destino.

E eu, louca serena,

cosmopolita de sonhos e náufrago de mim,

navego pelos pontos cardeais da ausência

com a bússola do instinto

e a vela da esperança.

Quero encontrar o jardim onde o tempo repousa,

onde as rosas vermelhas não murcham,

onde o verbo “amar”

é conjugado com o corpo, com a alma,

com a eternidade.

E ali, sob o luar que beija o mar,

quero ser metade e inteira,

ser chama e abrigo,

ser grito e silêncio,

ser o oásis onde o amor

bebe de si mesmo

e nunca mais tem sede.

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