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Lunáticos não voltam

Brasil respira ares novos espantando desinformação

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@donairene13 - Foto de Arquivo

Há poucos anos, eu ainda me via tentando entender como chegamos ao ponto em que o presidente da República fazia piadas de duplo sentido em eventos oficiais, e o pior: com plateia rindo. Rindo como quem normaliza o absurdo. Discutíamos, com alguma seriedade (infelizmente), se vacinas eram eficazes, se continham microchips chineses ou se transformavam gente em jacaré. Era um tempo em que a ciência era desacreditada, os direitos humanos ridicularizados, e o cargo mais alto do país ocupado por um lunático sem qualquer decoro, responsabilidade ou compromisso com a realidade.

Lembro com desconforto das tardes em que eu abria o noticiário e me deparava com mais uma fala grosseira, mais uma teoria conspiratória, mais uma agressão disfarçada de “sinceridade”. Era como viver num eterno episódio distorcido de algum programa humorístico ruim, só que sem graça nenhuma. Não, eu definitivamente não sinto saudades dessa época.

Hoje talvez não vivamos num país ideal — longe disso. Mas é inegável que avançamos. O debate público amadureceu, e as pautas que ocupam o centro da discussão revelam esse novo momento. Estamos falando em justiça tributária, na necessidade de taxar os super-ricos e aliviar o peso que recai sobre os mais pobres. Estamos falando em reduzir a jornada de trabalho, em repensar a famigerada escala 6×1, que consome a saúde física e mental de milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Estamos debatendo o cuidado com a saúde pública com seriedade, com base em dados, evidências e compromisso ético.

É outro tom, outro patamar de conversa. Ainda há muito o que corrigir, claro. O Brasil continua sendo um país profundamente desigual, ainda atravessado por injustiças históricas e estruturais. Mas é reconfortante perceber que estamos, ao menos, tentando discutir o país que queremos construir, e não mais sobrevivendo a cada novo delírio oficial.

O tempo da desinformação como política de governo passou. E que não volte nunca mais.

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