Curta nossa página


Linguagem polissêmica

Análise do poema “Algoritmos de sangue” para bom entendimento

Publicado

Autor/Imagem:
Edna Domenica Merola - Foto Irene Araújo

Considera-se, nessa análise, que algoritmos são conjuntos de instruções utilizadas para processar dados e tomar decisões e que seus projetos ou usos podem causar malefícios.

O termo refere a questões relacionadas à tecnologia, tais como: “viés algorítmico”, “automatização de decisões”, “privacidade e vigilância”. Algoritmos podem refletir e amplificar preconceitos e vieses existentes nos dados que são treinados, o que leva a decisões injustas ou discriminatórias. Podem ser utilizados para tomar decisões que afetam a vida das pessoas, sem considerar a complexidade e as nuances das situações individuais. Podem ser usados para coletar e analisar dados pessoais, o que leva a preocupações sobre privacidade e vigilância.

A expressão “algoritmos de sangue” é uma crítica à forma como se dá a relação entre tecnologia, informação e manipulação. O eu lírico questiona se sua abordagem é sedução ou banalização, sugerindo que está consciente da complexidade da situação.

A menção a “disseminar a desinformação” e “controlar a informação” é particularmente relevante no contexto atual, no qual a manipulação de informações é uma preocupação crescente. Descreve uma realidade em que a verdade é distorcida e manipulada para atender a interesses específicos.

A oposição entre “inteligência humana” e “inteligência artificial” se dá pelo questionamento sobre a natureza da inteligência. Indaga-se se a IA é capaz de pensar de forma autônoma. A menção à “piada” e “miragem” sugere que a realidade seja distorcida ou manipulada. A menção ao “balé e/ou blefe mortífero” é particularmente eficaz em transmitir a ideia de que a manipulação pode ser letal.

A crítica às redes sociais e às big techs é explícita. O eu lírico argumenta que essas plataformas são projetadas para manipular e controlar os usuários, criando uma realidade ilusória por meio de “sedução” e “banalização” que torna difícil de distinguir entre ilusão e realidade.

Ao longo do texto, a linguagem poeticamente construída adiciona camadas de significados ao universo tecnológico inicialmente descrito como coercitivo e doutrinador.

As big techs comparecem como “os matad-ouros eletrônicos” ou “DESFILA-deiros tecnológicos” que assumem a missão de coagir, doutrinar, apelar para emoção, causar comoção…

Esse matadouro, é “trilha visada por algoritmos de caça”, em que o eu lírico pisa, mas não percebe seus passos, não vê pegadas que deixa no chão. Desavisadamente, torna-se uma presa das IAs que cobiçam sua carcaça.

A entrega de tudo às big techs causa angústia, mas a escrita como momento de refúgio comparece na indagação: “Se esquecer adjetivos pelos cantos, / Os substantivos serão cantos?” e na revelação de que “Gostaria de viver apenas com adjetivos para amainar substantivos/que entorpecem luzes/Falsas luzes que doam loucuras/Loucuras vãs que enfeitam a vida real feito fetiches/ Enviesado de flechas azuladas me deito em algum perdido encanto/Digo-me adjetivos pausadamente.”

A resposta à indagação: “Nasci para ser aia?” vem com a simulação de “algum sonho sobrevivente” que constrói a sensação de ser “Aia e soberano”.

Por meio da análise crítica da forma como somos influenciados pelas plataformas digitais, o poema traz um tema filosófico, ou seja, o questionamento sobre a natureza da realidade, da sua percepção e de seus receptores.

É pela criação de imagens instigantes e da linguagem polissêmica que se dá a construção poética de “Algoritmos de sangue”.

…………………..

Ébrio, sóbrio, louco? Oco, revelo-me desfilando o sonambulismo

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2025 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.