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Julho amarelo

Entre a epidemiologia e a biopolítica da vida digna

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Autor/Imagem:
Emanuelle Nascimento - Foto Francisco Filipino

O Brasil celebra, com razões concretas, a redução das mortes por hepatites B e C. Metas da OMS foram atingidas, o que nos permite vislumbrar a força de um sistema público que, apesar de sucateado, ainda é capaz de salvar vidas.

Michel Foucault, ao falar de biopolítica, nos ensinou que a vida passa a ser objeto de gestão estatal. O SUS é uma expressão dessa governamentalidade, onde o cuidado da população deixa de ser apenas caridade e torna-se direito. Mas esse direito, como alerta a Antropologia da Saúde, é desigualmente distribuído.

Autores como Didier Fassin e Nancy Scheper-Hughes mostram que não basta tratar doenças: é preciso tratar dos determinantes sociais da saúde. A queda das hepatites é vitória do SUS, sim, mas também da organização popular, da educação em saúde e da resistência à indústria farmacêutica que mercantiliza o viver.

Julho Amarelo é mais que uma campanha. É um chamado à memória coletiva de que o direito à vida plena é conquista histórica e não concessão de governos. Celebrar essas vitórias é também lembrar que, sem políticas públicas fortes, a vida perde valor político.

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