Pé de pato, mangalô três vezes… e fique longe daqui

A inveja é aquela energia pesada que todo mundo já sentiu na pele e que acaba sugando nossa paz. Mas não precisamos ficar desamparados, existem maneiras para nos proteger, vindas de diferentes culturas e tradições. A magia surge como uma dessas ferramentas que podem ajudar a gente a lidar com essa negatividade que a inveja dos outros traz. E o mais interessante é que o objetivo não é “derrotar” quem tem inveja, mas sim criar uma proteção ao nosso redor e transformar essa energia ruim em algo que nos fortaleça.

Na visão das religiões afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda, a inveja vai muito além de um simples sentimento – ela é uma força negativa real que pode afetar profundamente nossa vida. Quando alguém nos inveja, não é só aquela sensação ruim que conhecemos, mas uma energia prejudicial que pode vir através do mau-olhado ou das más intenções dos outros. Essa energia acaba interferindo no nosso campo espiritual e pode causar desde problemas físicos até perturbações emocionais e espirituais.

O mais interessante é que, diferente do que muita gente pensa, a inveja não é só algo que sentimos dentro da gente – ela pode ser jogada em nossa direção por outras pessoas e, em alguns casos, até por entidades espirituais que se alimentam dessa negatividade e tentam nos desequilibrar. Diferente do cristianismo, que vê a inveja como pecado, as religiões de matriz africana a enxergam como um desalinhamento das energias, algo que pode prejudicar nossa saúde, atrapalhar nossa prosperidade e bagunçar nosso equilíbrio espiritual.

Essas tradições são riquíssimas em rituais e práticas que ajudam a gente a lidar com essas energias pesadas, oferecendo proteção aos seus filhos e buscando sempre manter a paz espiritual. Na hora de se proteger dessas energias ruins, a gente conta com a força e a sabedoria de diversos orixás. Ogum é um guerreiro poderoso entre os orixás, aquele que abre nossos caminhos e nos protege com sua força incomparável. Quando precisamos de proteção, é a ele que recorremos para afastar as energias ruins e os inimigos que nos cercam.

Seus devotos costumam acender velas vermelhas ou azuis em seu altar, fazendo seus pedidos com fé e respeito. Oxóssi, com seu olhar aguçado de caçador, é quem nos traz abundância e nos protege do mal. Quando sentimos que a inveja e a maldade dos outros nos atingem, é ele quem consegue enxergar e afastar essas energias pesadas. Xangô carrega consigo o poder da justiça divina. Quando enfrentamos situações injustas ou nos sentimos atacados pela inveja alheia, é ele quem traz de volta o equilíbrio às nossas vidas.

Exu, embora não seja um orixá, é uma força vital em nossa espiritualidade. É aquele que faz a ponte entre nosso mundo e o espiritual, o guardião das encruzilhadas onde a vida se transforma. Com sua inteligência única, ele abre e fecha portas em nossos caminhos, influenciando nossas oportunidades. Exu é pura energia em movimento, capaz de transformar o negativo em positivo – um verdadeiro alquimista espiritual. Por isso, quando oferecemos nossas velas e pedidos a ele, buscamos sua ajuda para transformar a inveja em bênçãos e remover os obstáculos de nossa jornada.

Os patuás e banhos são ferramentas usadas em religiões de matriz africana para proteção espiritual. Eles são feitos com ervas, pedras e outros elementos que são consagrados e carregados com a intenção de proteger contra energias negativas, incluindo a inveja. Desde os tempos antigos, nossos ancestrais já sabiam da importância de se proteger contra energias negativas, como a inveja e o mau-olhado. Por isso, diferentes culturas e religiões nos deixaram orações poderosas que servem como um escudo espiritual.

Se você quiser incorporar essa prática na sua vida, pode começar incluindo essas orações na sua rotina diária, seja logo ao acordar ou quando sentir que vai enfrentar um momento difícil. Vale a pena separar um cantinho especial em casa, aquele lugar que te traz paz e onde você consegue se concentrar melhor. E não se preocupe com qual religião você segue, o mais importante é encontrar um ambiente tranquilo onde você possa se conectar verdadeiramente com suas orações. Na visão cristã, especialmente para os católicos, a inveja é um dos sete pecados capitais. Ela é aquele sentimento ruim que a gente tem quando vê alguém conquistando algo que gostaríamos para nós. Surge quando vemos o sucesso dos outros, aquele desejo egoísta de ter o que não é nosso.

A inveja machuca não só a gente, mas também nossa relação com Deus e com as pessoas ao nosso redor. Vai contra aquele mandamento básico de amar o próximo, já que muitas vezes vem junto com o desejo de ver o outro se dar mal. É como se a inveja fosse um veneno que contamina nossa capacidade de amar e ser generoso. No final, ela acaba criando uma barreira entre nós e Deus, dificultando nossa evolução espiritual e nos impedindo de sentir verdadeiramente o amor divino. Essas tradições nos ajudam a lidar com a inveja através da humildade – quando reconhecemos nossas próprias limitações e aprendemos a valorizar os talentos dos outros.

A gratidão faz toda diferença: quando paramos para agradecer o que temos, nosso coração se torna mais generoso e menos preocupado em se comparar com os outros. Praticar a caridade e perdoar são igualmente importantes – quando desejamos o bem das pessoas, mesmo daquelas que têm algo que gostaríamos de ter, a inveja vai dando lugar ao amor e à compaixão. Por fim, oração e meditação são fundamentais para fortalecer nossa conexão com Deus. Rezar ajuda a gente a limpar o coração e se livrar desses sentimentos ruins, principalmente da inveja que tanto nos faz mal.

Temos diversas orações pra combater a inveja como, a famosa “Oração de São Jorge da Capadócia”, que muita gente conhece e usa até hoje: “Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge, para que meus inimigos, tendo pés, não me alcancem; tendo mãos, não me peguem; tendo olhos, não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrarão sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrar. Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de Sua Santa Graça e a Virgem Maria de Nazaré me cubra com Seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições. E Deus, com Sua Divina Misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos. Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel cavalo, meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo. Amém.”

Assim seja, assim é!

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Marco Mammoli é Mestre Conselheiro e Membro do conselho do Colégio dos Magos e Sacerdotisas. Contato direto com o Colégio dos Magos e Sacerdotisas através da Bio, Direct e o Whatsapp: 81 997302139.