Cadeia é cadeia
Lula, aos 72, foi preso. Bozo, tadinho dele, está velhinho…
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Lula foi preso aos 72 anos. A TV transmitiu ao vivo, os jornais estamparam a imagem de um homem saindo do sindicato, no meio de uma multidão, para se apresentar à Polícia Federal como se fosse o maior criminoso do país. Pouco importava se era idoso, se tinha histórico de luta ou se havia dúvidas legítimas sobre o processo. Não houve compaixão, não houve trégua.
Agora, com Bolsonaro, a história muda. Aos 70, ele virou o “velhinho” frágil demais pra cadeia. A narrativa muda conforme o réu? De repente, é como se estivéssemos diante de um senhorzinho indefeso, que já não pode responder pelos próprios atos, como se não tivesse plena consciência de tudo que fez.
Velho pra cumprir pena, mas jovem o suficiente pra golpear a democracia, articular esquema de espionagem contra adversários, usar a máquina pública pra benefício pessoal e da família, disseminar mentiras letais durante uma pandemia, sabotar as instituições e vender o país aos interesses mais sórdidos.
O que me espanta não é apenas a hipocrisia, mas a compaixão seletiva. Com uns, o peso da lei. Com outros, o afago da piedade. Como se a justiça tivesse coração mole pra quem fala grosso e trata o país como quintal da própria casa.
Não me venham com esse discurso de que Bolsonaro é apenas um “idoso”. Ele é um ex-militar, ex-deputado, ex-presidente, e exibe com orgulho cada uma dessas versões. E se tem forças pra continuar insuflando o ódio, tem forças pra responder por seus crimes.
Por isso eu não tenho nenhum receio ou vergonha de dizer que quero ver Bolsonaro preso.
Sem camburão cinematográfico, sem espetáculo, sem ódio. Apenas justiça. Porque justiça de verdade não escolhe lado nem idade.