ROUND 7 - O DESAFIO MORTAL DOS DEUSES-ASTRONAUTAS (Parte I)
UM MISTERIOSO CONVITE EM FORMA DE HEPTÁGONO
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Já acomodado em sua poltrona, Guilherme, ainda intrigado, ruminava sobre tudo o que envolvia a sua presença naquele avião.
Recebera um convite por whatsap para um evento de sete dias denominado “Desafio do Heptágono” a ser realizado em uma ilha próxima à Austrália. Veio na forma geométrica de um heptágono e era assinado eletronicamente por uma empresa denominada “Heptágono University”.
Juntamente com o estranho convite, havia um link com passagens de ida e volta e um cartão bancário virtual em seu nome que, segundo a informação, continha o valor de cinquenta mil reais para “despesas de deslocamento”.
Havia também a orientação para que, caso estivesse interessado, ligasse ou enviasse mensagem para aquele número para maiores esclarecimentos.
Inicialmente, pensou que era uma pegadinha ou então algum tipo de golpe. Entretanto, para a sua perplexidade, usando a senha que lhe foi informada, constatou que realmente a conta existia e continha exatamente a quantia informada.
Também conferiu a veracidade das passagens com a companhia aérea e, igualmente, verificou que estava tudo correto.
Ainda desconfiado, ligou então para o número do contato e falou com o representante da empresa promotora do evento, um certo mister Xavier.
Esse, explicou que Guilherme havia sido selecionado por um algoritmo juntamente com outras pessoas de todos os continentes para fazer parte do evento e que, caso aceitasse participar e conseguisse se habilitar para a etapa final, receberia um valor que poderia chegar até dez milhões de euros.
Abismado com o valor mencionado, Guilherme fez outras perguntas para as quais recebeu respostas vagas e genéricas, complementadas com a promessa de que maiores esclarecimentos e detalhes sobre o evento lhe seriam dados no local da competição.
Mister Xavier encerrou a conversação informando que, caso aceitasse o convite, ele deveria estar na data e horário informados no voo sete sete sete que partiria de Los Angeles para Melbourne.
Enfim, raciocinando de forma pragmática, Guilherme resolveu aceitar o convite e enxergar a situação como uma grande oportunidade, visto que só havia (grandes) benesses e recompensas e o único risco daquela esquisitice seria ele ser sequestrado pela tal organização promotora do evento, mas como não era nenhum milionário, isso não faria o menor sentido.
Interrompendo as divagações de Guilherme, uma jovem mulher sentou na poltrona ao lado:
-Con permiso!
-Olá! Como vai?
-Gran placer, soy Cristina Lopez, da Argentina.
-Guilherme Moura, Brasil. Você também está indo para a Competição do Heptágono, não?
-Si, si, pelo que entendi, todos nesse voo estão nessa.
-Sim, já havia percebido isso.
Sentando na terceira poltrona da mesma fila, outro competidor se apresentou:
-Bonjour! Eu sou Charlie, da França!
-Como vai, Charlie? Guilherme, Brasil.
-Prazer, Charlie! Cristina, Argentina.
-Já que vamos estar juntos por sete dias, por que não aproveitamos o tempo para nos conhecemos melhor? Eu sou professor de História e escritor nas horas vagas, quarenta e dois anos, divorciado, falou descontraidamente, Guilherme.
-Buena idea! Yo soy pintora e poetisa nas horas vagas, trinta e cinco anos, solteira convicta.
-Magnifique! Sou professor de artes marciais, leitor dos clássicos franceses, trinta e dois anos, casado, uma filha e não tenho horas vagas, brincou Charlie.
-Hahaha, boa Charlie! Acho que vocês já perceberam que nesse avião tem homens e mulheres de quase todas as etnias e faixas etárias, né?
Até o sono bater, os três competidores trocaram comentários, confidências pessoais, dúvidas e perplexidades com a sui generis situação que todos vivenciavam.
Acordando repentinamente em meio a uma forte turbulência, Guilherme ainda teve tempo de olhar em volta antes de ver um intenso clarão e, a seguir, tudo escurecer.
Quando abriu novamente os olhos, viu que estava em um imenso dormitório com centenas de pessoas a sua volta que, igualmente, pareciam estar acordando naquele momento.
Ainda zonzo, Guilherme viu vários homens mascarados de uniforme vermelho entrarem no gigantesco aposento.
Em inglês, um deles falou em voz alta:
-Vistam os uniformes que estão na cabeceira das camas e depois se encaminhem para o salão ao lado.
-Onde estamos?
-O que está acontecendo?
-Quem são vocês?
-Como viemos parar aqui?
Em vários idiomas, essas e outras perguntas foram gritadas por alguns dos atordoados hóspedes de variada etnia.
-Vistam-se e dirijam-se ao salão de conferências, vocês tem quinze minutos. Quem não se apresentar nesse tempo estará fora do jogo, replicou, impassível, o anfitrião de uniforme vermelho.
Guilherme olhou para a roupa que estava ao seu lado. Viu então um uniforme verde com o número três cinco seis bordado nas costas.
-Melhor obedecer e depois ver o que acontece, pensou.
Em meio ao burburinho do dormitório, após vestir o uniforme que lhe foi designado, Guilherme lembrou dos seus companheiros de viagem. Procurando-os com o olhar, viu Cristina.
-Você está bem?
-Si, isso é, acho que estoy! E usted?
-Estou bem! Você viu Charlie?
-Lá está ele, respondeu Cristina, apontando para o outro extremo do dormitório.
Também avistando os colegas, Charles rapidamente aproximou-se deles.
-Vocês sabem o que está acontecendo? Como viemos parar aqui?
-No mais do que você, respondeu, Cristina.
-Vamos! Talvez as respostas estejam no tal salão de conferências, disse Guilherme
-É o jeito, concordou, Charlie.
-Dios mío, quanta gente, observou Cristina.
-Bem, jogadores 226 e 135, já estamos vestidos com os uniformes, então vamos lá para não perdermos o prazo desse tal jogo, finalizou, Guilherme.
Após adentrarem um grande salão em forma de heptágono, a pequena multidão de hóspedes, ainda em êxtase, viram dois homens vestidos de preto com os braços cruzados, ambos postados em uma plataforma de aço. Eles usavam máscaras e tinham uma figura geométrica em forma de pentágono nos uniformes à altura do peito. No entorno do salão, centenas de outros mascarados vestindo uniformes vermelhos guardavam o local.
Em tom solene, um dos homens de preto começou a falar:
-Jogadores e jogadoras, eu sou o líder-Alpha, responsável pelo evento Competição do Heptágono. Vou falar em inglês porque é o idioma da maioria de vocês, mas nos telões a sua frente e a sua volta, minha fala está sendo traduzida para outras dez línguas.
Estou aqui para agradecer a presença do vocês, dar as boas-vindas a todos e esclarecer as regras do nosso jogo.
Vocês aceitaram o nosso convite e foram trazidos aqui por um avião especialmente locado pela nossa organização para esse fim. Já devem ter percebido que todos no avião, inclusive os tripulantes, foram convidados para a competição.
Ao todo, vocês somam trezentos e cinquenta e seis competidores que, à medida em que forem avançando na competição, ficarão mais perto do prêmio prometido. O jogo terá várias fases, sendo que a primeira delas começará agora.
Para os jogadores que se classificarem, amanha esclareceremos as regras da próxima fase. Agora o líder-Beta explicará as regras da primeira fase. Posso garantir que a competição será absolutamente justa e que o resultado dependerá do esforço e da habilidade de cada um de vocês, além do que o algoritmo do destino determinar. Muito obrigado pela presença e boa sorte a todos!
Tomando a palavra, o líder-Beta, também em inglês, discorreu sobre a primeira prova:
-A primeira fase acontecerá da seguinte forma: o objetivo de todos os jogadores será alcançar a linha de chegada em um tempo máximo de quinze minutos, ficando absolutamente imóveis no momento em que soar a sirene e a música batatinha frita 1, 2 ,3 começar a tocar.
Assim que que a música acabar, estarão liberados para recomeçar a correr. Os jogadores que se mexerem após o toque da sirene, recomeçarem a correr antes da música acabar ou não concluírem a prova no tempo máximo, serão eliminados.
Agora dirijam-se ao campo em frente, postem-se na linha de partida e aguardem a sirene tocar para iniciar a prova..
Um novo burburinho se fez ouvir entre os jogadores, todos tentando assimilar e processar o que foi falado pelos líderes do evento.
Cristina, perplexa, comentou com os dois amigos:
-Nossa, não vão nem explicar como viemos parar aqui após termos apagado no avião?
-Ou exatamente onde estamos? complementou, Charles.
-Parece que eles não estão com pressa para fazerem isso, observou, Guilherme. Mas ok, vamos jogar. Vocês entenderam as regras, não?
-Essa brincadeira e essas regras não me são estranhas…falou, preocupada, Cristina.
-Agora que você falou, eu também estou tentando lembrar quando e onde já vi isso, respondeu Guilherme.
-Ora, não parece muito difícil, vamos lá, falou Charles.
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A Parte II deste folhetim será publicada na terça-feira, dia 29