Nem toda família é lar
Pare, pense e chegue, se possível, à sua própria conclusão…
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Desde cedo, a gente aprende que família é tudo. Que mãe, pai e irmãos são nossos primeiros amores, nosso alicerce, nosso porto seguro. As histórias, os desenhos animados, os comerciais de margarina e até a escola repetem esse discurso de que família é sagrada, que devemos sempre priorizar essas pessoas, perdoar, compreender, manter por perto, custe o que custar.
Mas, à medida que a vida vai acontecendo e a gente vai ganhando repertório, percebe que nem sempre é bem assim. Existe, sim, muito amor dentro de muitas famílias. Mas existe também dor, ausência, descaso, manipulação, violência. E é importante dizer isso em voz alta: nem toda família é saudável, e nem toda convivência é possível ou desejável.
Tem famílias que sufocam em vez de acolher. Que julgam mais do que escutam. Que cobram presença, mas não oferecem afeto. Que impõem culpa quando o que a gente mais precisa é de apoio. Nessas horas, entender que se afastar pode ser um ato de amor-próprio é um aprendizado doloroso, mas libertador.
Não, você não é ingrato. Não é egoísta. Você não está “abandonando” ninguém. Está apenas respeitando seus próprios limites, cuidando da sua saúde mental, tentando romper ciclos que talvez se arrastem há gerações. E isso, por mais difícil que seja, é uma forma corajosa de amor: por si mesmo.
Família não deveria ser uma prisão, mas um lugar de abrigo. Se não é, tudo bem procurar abrigo em outros cantos. Às vezes, os laços mais fortes não vêm do sangue, mas do afeto que a gente escolhe cultivar.
E está tudo bem. Está tudo bem mudar de rota. Está tudo bem priorizar o que faz bem. Está tudo bem proteger a própria paz. Você não precisa se sentir culpado por buscar leveza. Mesmo que isso signifique manter distância de quem, infelizmente, deveria ter sido abrigo, mas nunca foi.