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Que país é este?

“Patriotas” fajutos querem entregar a Trump as chaves do Brasil e a alma do povo

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Autor/Imagem:
Misael Igreja - Foto Editoria de Imagens/IA

Tem coisas que só acontecem no Brasil. Sempre achei que a previsão do “astrólogo” Zé Ramalho acerca da Terceira Lâmina fosse apenas um daqueles gostosos absurdos poéticos. Que nada. Ela parece ter chegado antes do tempo, mas chegou como uma guerra na cabeça dos brasileiros. Com pedras na mão e agindo como feras, deputados, senadores e os devotos do Padim Jair Messias se esquecem dos momentos em que se dizem bonzinhos e, aproveitando a voz do cantador, partiram ferozes contra a garganta do povo. Tudo com as bênçãos de tio Donald Trump, a quem os “patriotas” fajutos querem entregar as chaves do país e a alma do povo.

Será mesmo a terceira mensagem, aquela em que um dia alguém nos trará de volta a ideia e nos tirará da fundura do poço? Não sei! O que sei é que, tentando acrescentar o como ao o quê, os atuais congressistas – os piores que já tivemos – se renderam aos apelos do “dono” do país. Demonstrando enorme subserviência aos lobbies da elite, principalmente à turma do agronegócio, trocaram as demagógicas promessas feitas aos eleitores pela troca de favores ilegais, pelo loteamento da Câmara dos Deputados e, em consequência, por adjetivações muito piores do que aquelas dirigidas aos juízes de futebol. Ainda mais nefasto é defender o intervencionismo yankee na política nacional.

São adjetivos mais do que merecidos. Entretanto, são inócuos, porque, para homens públicos como os nossos, qualquer alcunha chula, miserável e sórdida soa como elogio. Fingidos, enganadores e metidos a paladinos da moralidade e da honestidade, os 513 deputados e os 81 senadores invariavelmente comem no mesmo cocho sujo em que se fartou Judas Iscariotes antes de trair Jesus Cristo. Bem que Luiz Inácio avisou sobre os 513 picaretas com anel de doutor. Como não acreditaram, na próxima legislatura quase tivemos mais 18 senhores dividindo a picaretagem. Se derrubarem o veto, ainda poderemos ter.

Em locais e circunstâncias diversas, tenho ouvido com alguma insistência a pergunta musicada pelo poeta Renato Manfredini Júnior, o seu, o meu, o nosso Renato Russo. Que país é este? É o tal que esbanja patifaria, o mesmo no qual ninguém respeita a Constituição e que já virou piada no exterior, em decorrência da sujeira para todo lado. É o país em que, mesmo sem consultar os mais de 150 milhões de eleitores, uma maioria de deputados e senadores deliberadamente decide se posicionar contra um presidente eleito soberanamente pelo voto popular e, ao mesmo tempo, apoiar um cidadão que, para adentrar o inferno, só falta o rabo.

Uma coisa é ser contra Luiz Inácio. Outra coisa é ser contra o presidente da República. Muito pior é taxar o empresariado e ameaçar os trabalhadores brasileiros, hoje seguramente representando mais de 90% da população. Aliados aos patriotas de araque e à elite sugadora de recursos públicos, os senhores que se acham capazes de tudo para derrotar o iludido e omisso povo que vota. Enquanto sofrem, os assalariados assistem as excelências a se encherem de privilégios, mordomias e emendas parlamentares, todas sob sete chaves e vigiadas pelos asseclas do presidente norte-americano.

A esmagadora maioria do trabalhador brasileiro é obrigada a recorrer ao SUS para não morrer antes do tempo. Paralelamente, vestidos para matar, deputados e senadores têm direito a reembolsos médicos que nem o Rei Charles tem. Nos últimos seis anos, os anjinhos querubins do Congresso mamaram R$ 100,5 milhões das tetas ressecadas da União. E isso é só a ponta do iceberg da mamata política. Embora lamente profundamente a sorte do Brasil, o país é este que estamos vendo por exclusiva culpa da frouxidão da sociedade que tem medo de água e, por isso, prefere morrer de sede.

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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais

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