Custo do verde
Cana-de-Açúcar e etanol viram veneno para o meio ambiente do Nordeste
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A produção de cana-de-açúcar, tradicional no Nordeste brasileiro, é responsável por grande parte da geração de etanol e açúcar do país. Estados como Pernambuco e Alagoas possuem séculos de história ligados aos canaviais, que foram fundamentais para a economia regional desde o período colonial.
Nos últimos anos, a expansão da produção e a crescente demanda por biocombustíveis colocaram o setor novamente em evidência. No entanto, junto com os benefícios econômicos e energéticos, surgem importantes desafios ambientais que exigem atenção e estratégias sustentáveis.
A cana-de-açúcar é uma das culturas mais expressivas do Nordeste:
•Alagoas é líder regional na produção de cana, responsável por mais de 40% da safra nordestina.
•Pernambuco e Paraíba também têm grande destaque, principalmente na Zona da Mata, onde o cultivo domina a paisagem.
Além do açúcar, o etanol produzido na região abastece o mercado interno e contribui para a matriz energética limpa do Brasil, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.
Apesar dos avanços tecnológicos e da importância econômica, a produção canavieira traz consequências ambientais significativas, como:
1.Desmatamento e perda da biodiversidade — A expansão de canaviais historicamente substituiu áreas de Mata Atlântica e ecossistemas nativos.
2.Uso intensivo da água — A irrigação e o processamento da cana demandam grande volume de água, pressionando rios e mananciais.
3.Queimadas e emissão de poluentes — Embora cada vez menos utilizadas, as queimadas para colheita ainda ocorrem, liberando gases e prejudicando a qualidade do ar.
4.Poluição do solo e da água — O uso de fertilizantes e defensivos agrícolas pode contaminar rios e lençóis freáticos.
Segundo especialistas da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o manejo inadequado da cana pode comprometer a qualidade ambiental e a produtividade futura das áreas cultivadas.
Para reduzir os impactos ambientais, o setor sucroalcooleiro tem adotado diversas medidas:
•Mecanização da colheita, reduzindo o uso de queimadas;
•Tratamento de efluentes, evitando a contaminação de rios;
•Aproveitamento de resíduos, como o bagaço da cana para geração de energia;
•Expansão de certificações ambientais, que exigem práticas mais sustentáveis no cultivo.
Projetos de recuperação de áreas degradadas e monitoramento da qualidade da água também são fundamentais para tornar a produção de cana-de-açúcar e etanol menos agressiva ao meio ambiente.
A cana-de-açúcar continuará sendo uma peça-chave para a economia e a matriz energética do Nordeste. Porém, especialistas alertam que o crescimento do setor deve caminhar junto com políticas públicas e tecnologias que minimizem os impactos ambientais e garantam a preservação dos recursos naturais.
Manter esse equilíbrio é essencial para que a produção de açúcar e etanol no Nordeste seja sustentável, beneficiando não apenas a economia regional, mas também o meio ambiente e as futuras gerações.