Alma
Rabiscos
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Queres ver minha alma?
Rabiscá-la como se fosse papel em branco,
onde teus dedos desenham o que julgas ser verdade?
Basta mirar profundamente meus olhos,
e neles encontrarás o reflexo do meu coração
minha essência nua, minha alma sem véus.
Desejas ter certeza dos meus sentimentos?
Talvez, como as fibras da seda que escorregam sob tuas mãos
nas noites insones e cheias de saudade,
consigas despir teu ego e enxergar o que há além de ti.
Não consegues me esquecer.
Estou cravada em tua memória mais íntima,
na saudade que te consome,
nos voos errantes da tua alma antiga
que busca abrigo em mim.
Despertas e procuras sinais
nas gotas da chuva que escorrem pela janela,
no silêncio do vidro que te observa.
Buscas um norte que te oriente,
mas escolhes o caminho mais fácil,
aquele que não exige coragem.
Olhas teu telefone, escutas o vento,
mas não compreendes o recado.
Só ouves o tic-tac do teu coração,
falas sozinho, sem rumo,
com a lembrança que te arde como chama.
Olhas o céu, o mar,
mas nada te oferece esperança.
Perdido em devaneios,
lembras de mim
e sonhas acordado,
com toda a força do teu coração.
E mesmo assim, tens certeza:
eu sempre estarei contigo.
Teus sonhos escalaram montanhas,
atravessaram curvas, rios e florestas quase intransponíveis,
e chegaram ao destino que idealizaste.
Mas se esperas meu olhar de aprovação,
surpreendentemente, eu te digo: não.
Todos os dias, foges do mundo que te impuseram,
tentando encontrar outro caminho,
onde possas caminhar descalço e às cegas.
Mas eu não sou tua estrada alternativa.
Sou apenas mais uma que acreditou no amor
um dia.