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Prato de cuscuz

Capacho & Vassalo perderam de novo para os nordestinos

Publicado

Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto de Arquivo

Ao contrário do que imaginou a dupla sertaneja Capacho & Vassalo, tanto Donald quanto Trump não conseguiram – e não conseguirão – acabar com o Brasil. Graças à intervenção do governo, os efeitos do tarifaço encomendado aos Estados Unidos pelos amiguinhos brasileiros até agora são bem menores do que a empáfia do tigrão caipira norte-americano. Maior me parece o efeito inverso. A tentativa de entregar novamente o Brasil no colo dos Yankees pelo menos despertou um patriotismo que estava encubado há décadas.

Hoje, após a epidêmica cantoria de pai e filho contra a nação “amada”, o povo, inclusive alguns deles, começaram a ver aquilo que tinham à disposição e bem diante do nariz: o pouco caso do clã Bolsonaro com o país. Faz tempo que os sinais de loucura total estão distantes do dia a dia dos nacionais, para os quais o Brasil clareou. Eles se libertaram do medo e das amarras da incapacidade bolsonarista e, o que é mais importante, sabem que não giram mais em torno de Jair Bolsonaro, cuja sede de poder não era um meio, mas um fim.

Nacionalistas fajutos, trapaceiros, traidores e espoliadores da própria pátria, os misteres do Cerrado não imaginavam que os brasileiros fossem superiores a eles, a Tio Sam e ao encarregado de Negócios dos EUA, cujo nome entre nós virou apenas peru de fora, aquele que não dá peruada nas questões internas. Indiscreto na assessoria golpista a Jair e a Eduardo Bolsonaro, o tal sujeito tentou, mas não conseguiu ancorar nas águas turvas e traiçoeiras do Lago Paranoá o porta-aviões comprado em sociedade com Elon Musk.

Da mesma forma, as aeronaves invisíveis projetadas por Trump e Benjamin Netanyahu voltaram às bases estadunidenses quando perceberam que, apinhado de ipês amarelos, o chão de Brasília era um convite anunciado à derrota. Um colírio para qualquer brasiliense, os ipês amarelos da época se assemelham a um imenso prato de cuscuz nordestino. Na verdade, os marines e os aviadores do Pato Donald enviados ao Brasil nem de longe lembram os audazes soldados retratados nos filmes de guerra de Hollywood.

Acho que a desistência da empreitada sugerida por Capacho & Vassalo tem tudo a ver com o vergonhoso fracasso norte-americano no Vietnã e no Afeganistão. Tudo indica que, a exemplo das eleições de 2022, os nordestinos mais uma vez seriam os valentes e notáveis heróis do Brasil, exatamente como foram os vietnamitas em 1968 e os afegãos em 2021. Antes de tudo e de todos, os nordestinos se anteciparam à tese filosófica de que nunca ninguém toma o poder para renunciar a ele logo depois. Eis a razão pela qual as lideranças da seita bolsonaristas tentaram a todo custo impedir o voto do povo do Nordeste.

Perderam, não aceitaram o resultado, invadiram e quebraram prédios públicos e, agora, mesmo sem querer, fortaleceram a soberania, a democracia e o Judiciário brasileiros. Restaram algumas dúzias de deputados autistas, de senadores vendidos e de seguidores oportunistas, todos tóxicos, ultrapassados e vendilhões. O fato é que de nada adiantaram os rompantes do tigrão, tampouco as peruadas do peru de fora. Capacho & Vassalo desafinaram e, em breve, terão de cantar em outra freguesia. O galo parou de cantar no solar dos Bolsonaro. Se houver tempo, sugiro ao mais velho deles que, quando puder, recomece. Recomeçar do zero faz parte da vida.

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Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras

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