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Proposta inconstitucional

Jogando para a plateia, bolsonaristas sabem que STF não vai tolerar intolerância

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Jr - Foto de Arquivo/Reprodução das Redes Sociais

Eleita e regiamente paga para defender a totalidade do povo, boa parte dos deputados e senadores desta legislatura se finge de morta e trabalha ostensiva e irresponsavelmente para defender criminosos. Dispostos a jogar para a plateia e a manter a falsa imagem de salvadores dos perseguidos e oprimidos, os parlamentares vinculados ao bolsonarismo, consequentemente ao golpismo, querem a qualquer custo afrontar a Constituição de 1988 e, por extensão, o Estado Democrático de Direito. Não conseguirão.

Embora passem para seus protegidos a certeza da constitucionalidade da proposta de anistia, todos eles sabem que não há hipótese de perdão à horda de criminosos que acintosamente tentaram golpear os Três Poderes da República. A ausência total de civilidade e o gesto de subversão explícita estão comprovados nos autos do processo em curso no Supremo Tribunal Federal. Portanto, os que ainda estão livres certamente serão presos e terão de cumprir pena como criminosos que atentaram contra a legalidade, a ordem constitucional e a integridade democrática do Brasil.

Para início e fim de conversa, o objetivo único é livrar da cadeia os líderes, financiadores e executores da trama golpista que culminou com a barbárie de 8 de janeiro de 2023. Sem preocupação alguma com os arranhões que já causaram ao Congresso Nacional, esses parlamentares de argumentos pífios, redundantes, perigosos e odiosos precisam ser informados urgentemente que um regime democrático não pode e não irá tolerar os intolerantes.

Pelo contrário. Gostem ou não os falsos patriotas, desde o início o STF, com esperadas exceções, vem aplicando rigorosamente a lei, de modo a evitar a manutenção de mentes tirânicas e a reconstrução de estruturas autoritárias, as quais favoreceriam a reincidência de práticas golpistas no Brasil. Tão irracionais como os criminosos que ora defendem, os deputados e senadores fanatizados pelo culto à barbárie parecem ter esquecido (ou não) o juramento de fielmente cumprir os preceitos da Constituição promulgada por Ulysses Guimarães.

Omissos, indignos e lembrando conspiradores de baixíssimo nível, suas autocráticas excelências têm preferido manter a irresponsabilidade política em desfavor da legalidade e claramente a favor das sanções de um governo estrangeiro a autoridades brasileiras. Sombriamente tentados pelo retorno do despotismo, deputados e senadores da seita bolsonarista agem como subalternos da pior espécie à família do ex-presidente. E fazem isso ao negar a materialidade e a autoria dos delitos praticados por Jair Bolsonaro. Sem a necessidade de se estender, a proposta de perdão aos golpistas é terminantemente inconstitucional.

Mais do que isso. Contra a Carta de 1988 não cabem perda de tempo, motim de parlamentares, invasão de plenários ou ações externas contra o governo e o Judiciário brasileiros. Ao se insurgirem contra as normas do Congresso e do país em defesa de grupelhos que, sabida e criminosamente, tentaram derrubar a democracia, o maior bem de um povo, os bolsonaristas não tentam apenas banalizar a Constituição. O que de fato eles querem é apagar a memória da população, sugerindo um tipo de anistia do esquecimento. Passar uma borracha na barbárie seria o mesmo de canonizar Jair Bolsonaro e seus comandados. Ficar o dito pelo não dito significaria dizer ao mundo que o Brasil realmente é uma republiqueta de bananas podres. Jamais diremos isso, mas, de antemão, podemos afirmar a Jair e a Eduardo Bolsonaro que nunca seremos uma republiqueta bolsonarista.

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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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