Sem aviso
Encontro à Beira da Noite
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A noite desceu como um véu bordado em brisa,
trazendo lufadas de ar fresco que dançavam entre as folhas.
O céu, ainda tímido, revelava suas primeiras joias celestes,
enquanto os vaga-lumes, como pequenos faróis encantados,
piscavam sem cessar, costurando luz na escuridão.
Pela janela, meus olhos se perdiam na vastidão,
e minha alma, inquieta, cruzava distâncias invisíveis,
percorrendo milhares de quilômetros em instantes,
como se guiada por um fio invisível de saudade.
Foi então, numa curva onde o rio corria sereno,
que te encontrei
como se o tempo tivesse esperado por esse instante.
A lua, surgindo com sua majestade silenciosa,
banhou a cena com prata e mistério.
Seus olhos, espelhos de um sentimento contido,
brilhavam como se guardassem uma lágrima.
Meu coração, súbito viajante, acelerou,
e minha essência sussurrou:
“O que fazes aqui, amor meu?”
Não houve palavras.
O silêncio, profundo e pleno,
foi a resposta mais verdadeira
era o eco do meu desejo,
a confirmação de que o universo conspirava
para esse reencontro.
Recolhi meus pensamentos como quem guarda pétalas,
e voltei a contemplar a noite,
enquanto a brisa, gentil como um carinho antigo,
beijava meu rosto
e me lembrava que o amor, às vezes,
chega sem aviso,
mas nunca sem propósito.