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Corpo no avião, coração em casa

Viagem de mãe é uma joça, mas tem o pai para dar carinho também maternal

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@donairene13 - Foto Acervo Pessoal

Às vezes eu preciso viajar a trabalho e, por mais que eu tente me preparar emocionalmente, uma das coisas mais difíceis é deixar minha bebê. Eu sei, racionalmente, que ela está em boas mãos: com o pai, que é um ótimo companheiro nessa jornada e que tem um vínculo lindo com ela. Os dois se entendem, se divertem juntos, ele é cuidadoso, paciente, atento. E mesmo assim meu coração de mãe não consegue relaxar.

É como se existisse uma parte de mim que se recusa a acreditar que o mundo pode girar sem a minha presença para intervir em qualquer imprevisto. Eu sei que é irracional, sei que provavelmente nada vai acontecer, mas sempre me vem aquele pensamento insistente: “E se ela precisar de mim? E se for justamente a minha presença que vai fazer a diferença?”.

A verdade é que eu carrego uma convicção silenciosa (e talvez injusta) de que as melhores soluções, os cuidados mais precisos, o olhar mais atento, sempre vão ser os da mãe. Como se existisse uma espécie de instinto que só eu tivesse, como se meu corpo e minha mente estivessem eternamente sintonizados com as necessidades da minha filha.

Quando viajo, sinto que uma parte de mim fica em casa. O corpo pega o avião, participa das reuniões, cumpre as tarefas, mas o coração fica lá, no quarto dela, nas pequenas rotinas, no banho, no colo. Talvez essa seja uma das faces mais intensas da maternidade: a dificuldade de se afastar, mesmo que por pouco tempo, mesmo confiando no amor e na competência do pai. É um paradoxo permanente: querer ser inteira em todos os papéis e, ao mesmo tempo, sentir que só no da mãe é que a ausência pesa como um mundo inteiro.

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