A vida imita a arte
MATOU O GARI E FOI À ACADEMIA
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Há um clássico do cinema brasileiro dirigido por Júlio Bressane, “Matou a família e foi ao cinema”. Há alguns dias um fato bárbaro impactou a todos nós: em Belo Horizonte, MG, Renê, jovem empresário, matou a tiros o gari Laudemir.
Crime bárbaro por motivo torpe, banal.
Irritado com a motorista do caminhão da coleta do lixo que atravancava por alguns minutos a rua, o valentão Renê ameaçou “dar um tiro na cara dessa vagabunda”.
Impedido pelos três garis da equipe de coleta, Renê disparou vários tiros.
Acertou um e matou na hora o Laudemir.
Deixou calmamente o local com o seu possante e blindado carro importado indo passear com o seu cãozinho; e finalizou o dia indo malhar na academia Top da capital mineira.
A polícia agiu com rapidez, levantou a ficha corrida de Renê e verificou ser o homem casado com uma delegada da ativa.
As testemunhas prestaram depoimentos e a polícia saiu à caça do homem. Encontrou Renê malhando em uma academia de ginástica.
Renê deixou a esteira, depois de puxar quilos de ferro e negou tudo no primeiro momento.
Ontem, em novo depoimento, ele assumiu o crime depois da polícia comprovar que o revólver utilizado para matar Laudemir pertence à delegada. O assassino-confesso alegou que a esposa dele nada sabia sobre o uso da arma dela.
Trágico enredo em que a vida real imita a arte do cinema. Roteiro bárbaro estrelado por indivíduo amoral que pensa estar imune e acima das leis, do bem e do mal.
Inevitável a lembrança do filme de Bressane.
Renê, agora enjaulado, vai puxar cana em cela comum – e não ferros de academia-, e talvez – com caríssimos advogados-, logo esteja em prisão domiciliar.
Horripilante filme real:
“Matou o gari e foi com seu cachorrinho à academia”.
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Gilberto Motta é jornalista e escritor. Vive na vila da Guarda do Embaú SC.