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Mediocridade

De burro, Bananinha não tem nada; já de desonesto, há em abundância

Publicado

Autor/Imagem:
Rafaela Fernanda Lopes - Texto e Imagem

A fala do bananinha, ao comparar a atuação do ministro Alexandre de Moraes a uma ditadura “pior que a militar”, não nasce da burrice, mas da desonestidade. Ele sabe muito bem o que a ditadura militar representou. Sabe que foi um período de censura, perseguição, tortura, assassinatos e desaparecimentos de opositores. Fingir que tudo se resume à liberdade em redes sociais é uma manipulação grotesca, quase um escárnio com a história e com as vítimas desse período nefasto da história brasileira.

Não há ignorância nessa fala. O que existe é cálculo político. Ele faz esse tipo de afirmação para inverter a lógica dos fatos, transformar instituições democráticas em vilãs e criar uma narrativa de perseguição contra si e os seus. É a banalização dos crimes de Estado do passado colocada a serviço da busca pela impunidade no presente. É uma escolha consciente de distorcer a realidade, de mentir sem pudor e de apostar no caos como estratégia para continuar a tentativa de golpe.

O detalhe é que essa aposta funciona. Ele se vale de um público disposto a acreditar em qualquer coisa que venha da boca dele ou dos seus aliados. Essa base não questiona, não duvida, nem tão pouco busca verificar os fatos. É um público que transforma mentiras em verdade com a velocidade de um clique, que aplaude qualquer disparate e que se agarra a discursos fantasiosos como se fossem dogmas. O bananinha sabe disso e, por isso, joga cada vez mais alto, testando os limites do absurdo, certo de que terá uma resposta imediata.

Esse é o método bolsonarista: não construir soluções, mas fabricar inimigos; não propor projetos, mas fomentar o ódio; não defender liberdade, mas sequestrar o conceito para usá-lo como arma. Quando ele ataca o Moraes e compara o Supremo a uma ditadura, ele não está preocupado com a democracia. Ele está preocupado em manter a ilusão da perseguição, em alimentar o papel de vítima e em manter sua base em estado permanente de indignação.

Não há nada de burro nesse comportamento. O que há é desonestidade profissional, oportunismo cínico e malícia política. O bananinha não fala como alguém que desconhece a história, mas como quem a distorce de forma consciente. Ele aposta na crença cega de seus seguidores e, infelizmente, aposta certo. A burrice, nesse caso, não é dele. É de quem escolhe acreditar.

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